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Esta passagem de Apocalipse 22 diz que podemos perder a salvacao?



https://youtu.be/e21fFvCzhdk

A passagem é: “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro” (Ap 22:18-19).

Primeiro é preciso entender que a passagem não está falando de toda a Bíblia, mas apenas do livro de Apocalipse de João. A Bíblia é composta de vários livros e aqui diz explicitamente “deste livro”. Mas é óbvio que a mesma coisa poderia ser dita de toda a Bíblia, pois é a Palavra de Deus. Existe uma placa em minha rua que diz que ali é proibido estacionar, mas isto não significa que ali seja permitido matar, roubar, vender drogas, etc.

O sentido da passagem de Apocalipse não tem nada a ver com um salvo por Cristo, mesmo porque quando se cumprirem as palavras a partir do capítulo 4 de Apocalipse todos os salvos da presente dispensação já estarão no céu desfrutando da presença de Cristo. Na terra terão ficado os que não creram ou não chegaram a escutar de forma clara o evangelho da graça de Deus. Dentre eles haverá um pequeno remanescente de judeus que irá se converter e levar o evangelho do Reino aos gentios. No capítulo 4 voltam as condições que estavam presentes na época dos evangelhos, antes da criação da Igreja, quando o evangelho do Reino era pregado por João Batista e pelos discípulos de Jesus anunciando que o reino era chegado, porque o Rei estava entre eles.

Esse remanescente de judeus que irá se converter e anunciar a salvação como era anunciada no Antigo Testamento, isto é, uma salvação da vida para se viver no reino de Cristo, não é a igreja, que já estará fora daqui. O Reino hoje está em mistério, mas será manifesto na terra quando Cristo voltar para reinar no final da última semana de anos

prevista em Daniel 9. Ela é o que ainda falta se cumprir para fechar o roteiro profético, do qual não fazem parte os atuais dois mil anos de graça enquanto o relógio profético permanece parado.

Um verdadeiro crente em Cristo na atual dispensação jamais será visto como alguém que acrescenta ou tira algo da Palavra de Deus, pois tem grande apreço por ela. Ele é alguém que já tem garantida sua salvação eterna por um dia ter crido em Jesus como Salvador. Este já teve TODOS os seus pecados lavados pelo sangue do Cordeiro sacrificado no Calvário, uma posição que é agora irreversível, caso contrário Cristo precisaria morrer novamente cada vez que um crente pecasse. Se você é um dos que já foram realmente salvos pela fé, não irá se incluir nos versículos do alerta que citou no final do livro de Apocalipse. Você se enxergará entre os “reis e sacerdotes” mencionados no início do mesmo livro: “Aquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai” (Ap 1:5).

Então quem são aqueles a quem é dirigida a ameaça de Apocalipse 22:18-19, de que “se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro”? São os incrédulos, que não temem e nem tremem da Palavra de Deus e se sentem à vontade acrescentando ou tirando “quaisquer palavras” conforme sua própria vontade.

Não são pagãos, feiticeiros ou ateus. Eles hoje estão espalhados pela cristandade e não têm escrúpulos de suprimir da Bíblia aquilo que não lhes interessa, e acrescentar o que lhes vêm à mente como se fossem revelações frescas vindas da parte de Deus. Geralmente são os que não creem que a Bíblia seja a Palavra de Deus completa, mas dizem que ela apenas “contém” a Palavra de Deus. Quando alguém diz isso acaba deixando margem para escolher o que dentro da Bíblia é ou não Palavra de Deus conforme seu próprio entendimento. É como se o volume sagrado fosse uma caixa e dentro da qual você pudesse escolher: “Minha mãe mandou dizer que isto aqui é Palavra de Deus; isto aqui não é; isto é...”.

“Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés; que casa me edificaríeis vós? E qual seria o lugar do meu descanso? Porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz o Senhor; mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra” (Is 66:1-2).

Nos evangelhos havia duas classes de religiosos que se encaixavam nesta descrição, apesar de tentarem mostrar que eram zelosos em guardar a Palavra de Deus. Os primeiros, que acrescentavam algo à Palavra de Deus, eram os fariseus que davam às suas próprias tradições e costumes o status de Palavra de Deus, invalidando assim a Palavra escrita. Mateus escreveu sobre eles:

“Depois perguntaram-lhe os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos por lavar? E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição. Porque Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e quem maldisser, ou o pai ou a mãe, certamente morrerá. Vós, porém, dizeis: Se um homem disser ao pai ou à mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor; nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas” (Mt 7:5-13).

A outra classe era a dos saduceus, que simplesmente descartavam tudo aquilo que a Palavra de Deus falava sobre anjos e ressurreição. “No mesmo dia chegaram junto dele os saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram” (Mt 22:23). Jesus advertiu os discípulos para se precaverem da doutrina de ambos, Fariseus e Saduceus, quando disse: “Adverti, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus... Então compreenderam que não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas da doutrina dos fariseus... Porque os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito” (Mt 16:6-12; At 23:8). Hoje quando você denuncia a má doutrina dos que ocupam seus lugares, acrescentando e extraindo o que não lhes convém, logo é advertido que Jesus ensinou a não julgar. Sim, a não julgar pessoas, mas a julgar sim suas doutrinas e atitudes.

Olhe ao seu redor e você encontrará os modernos fariseus infiltrados na cristandade como aqueles que dão às suas próprias tradições e regras o status de Palavra de Deus. Ou ainda que consideram qualquer coisa que alguém diga num púlpito começando com a frase: “O Espírito Santo me mandou dizer que... bla, bla, bla”. Também existem os mais audaciosos, como os mórmons. Estes chegaram até a acrescentar um tal de Joseph Smith na narrativa do livro de Gênesis para encaixar ali uma falsa profecia que atribuem a Moisés, na tentativa de dar credibilidade ao falso profeta cuja doutrina até hoje seguem.

A outra classe hoje espalhada pela cristandade, equivalente à dos Saduceus do passado, e são os que duvidam da Palavra de Deus e acreditam que algumas partes não passam de palavras de homens ou elucubrações de um apóstolo machista e recalcado, que é como alguns teólogos moderninhos se referem a Paulo. Obviamente não fazem parte dos que “tremem” da Palavra de Deus e não acreditam que a inspiração divina dada aos escritores da Bíblia tenha sido verbal, palavra a palavra.

Portanto, volto a dizer que aqueles de que fala Apocalipse 22:18-19 não são crentes lavados pelo sangue do Cordeiro, mas apóstatas que abandonaram a verdade para se ocuparem com seus próprios raciocínios, fábulas e tradições. A fé é dos que creem, não dos que duvidam, portanto o trecho fala dos que duvidam e, por esta razão tentam adaptar a Palavra de Deus aos seus próprios pensamentos e caprichos.


Veja também:
http://www.respondi.com.br/2011/10/apocalipse-2218-19-serve-para-toda.html

http://www.respondi.com.br/2005/06/o-que-o-livro-da-vida.html

http://www.respondi.com.br/2012/02/15-passagens-que-dizem-que-podemos.html

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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Esclarecimentos: O conteúdo deste blog traz respostas a perguntas de correspondentes, portanto as afirmações feitas aqui podem não se aplicar a outras pessoas e situações. Algumas respostas foram construídas a partir da reunião das dúvidas de mais de um correspondente. O objetivo é apenas mostrar o que a Bíblia diz a respeito das questões levantadas, e não sugerir qualquer ingerência de cristãos na política e na sociedade, no sentido de exigir que as pessoas sigam os preceitos bíblicos. O autor é favorável à livre expressão e, ainda que seu entendimento da Bíblia possa conflitar com a opinião de alguns, defende o respeito às pessoas de diferentes crenças e estilos de vida. Aqui são discutidas ideias e julgadas doutrinas, não pessoas. A opção "Comentários" foi desligada, não por causa das opiniões contrárias, mas de opiniões que pareciam favoráveis mas que tinham o objetivo ofender pessoas ou fazer propaganda de alguma igreja ou religião, induzindo os leitores ao erro.

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