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Seriam "morte" e "hades" pessoas?



https://youtu.be/QkxqOtLL214

Você perguntou o que significa a passagem que diz que que a morte e o inferno ("hades") foram lançados no lago de fogo? Seria a morte e o "hades" duas pessoas ou anjos, uma personificação como aparece nas lendas tipo o "Anjo da Morte"? A passagem de sua dúvida é esta: "E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo." (Ap 20:14-15).

A palavra "inferno" não existe nos originais da Bíblia e foi introduzida pelos tradutores modernos no lugar de palavras como "geena", "hades" e "lago de fogo". Isto causa uma certa confusão na hora de se entender o que o texto está dizendo, pois "geena" e "hades" são condições transitórias que descrevem o estado de separação do corpo. Já "lago de fogo" é o termo correto para o destino final dos anjos rebeldes, para os quais o "lago de fogo" foi originalmente criado, e onde serão lançados também os incrédulos perdidos.

O "lago de fogo" está vazio e será inaugurado pela besta e pelo anticristo, recebendo outros seres humanos, além do próprio Satanás. Quando as pessoas falam do juízo final e do inferno elas geralmente estão se referindo ao "lago de fogo". Por isso nem perca tempo com esses que dizem que sonharam ou foram arrebatados ao inferno e viram isso e aquilo, porque é mentira. Devem ter sido influenciada pelo inferno mostrado no livro "A divina comédia" de Dante Alighieri, com todas as cenas aterradoras que o escritor mostra ali. A verdade é que se alguém hoje conseguisse viajar ao "lago de fogo" iria encontrá-lo vazio, e não só isso: não iria enxergar nada, porque o Senhor chamou aquele lugar de "trevas exteriores" (Mt 8:23). Não existe luz ali.

Respondendo à sua dúvida, de como poderiam o "hades" e a morte serem lançados no lago de fogo, creio que fique mais fácil de entender se pensarmos no computador e suas várias pastas de arquivos. Pense numa "pasta" chamada "hades", que é a condição em que alguém que morreu está com seu espírito e alma separados de seu corpo. Talvez ficasse mais fácil de entender se disséssemos que alguém está "em hades" do que "no hades", porque o significado é mais de uma condição do que de um lugar físico. Um texto escrito por Bruce Anstey, em "Definições Doutrinais", explica assim:

"'Sheol' e 'Hades' referem-se à mesma coisa; O Sheol no Antigo Testamento (hebraico) e Hades no Novo Testamento (grego). Sheol ou Hades representa o mundo invisível para onde vão as almas e espíritos desencarnados de crentes e incrédulos falecidos, sem especificar em que condição estão. O evangelho trouxe à luz "a vida e imortalidade" (2 Tm 1:10 – TB) e, como resultado, sabemos agora que existem duas condições opostas no Sheol ou Hades: 'tormentos' para os perdidos (Lc 16:24-25) e felicidades ('paraíso' ou 'jardim das delícias') para os crentes (Lc 23:43).".

Um perdido está nessa condição de "hades", porém já sofrendo, como era o caso do rico da história do rico e Lázaro. Este último, por sua vez, também estava na condição de "hades", porém na presença de Abraão, que ali é uma figura de Deus. Então, voltando ao exemplo do computador, podemos dizer que hoje existe uma "pasta" chamada "hades" na qual estão todos os que morreram desde Adão. Nessa pasta existem duas "pastas", uma dos perdidos e outra dos salvos. Mas todos eles estão nessa mesma "pasta hades", ainda que em sub-pastas distintas, porque lhes falta o corpo, que foi sepultado quando partiram da terra.

Quando Cristo vier buscar sua igreja, todos os salvos até então, cujos espíritos e almas já estava desfrutando da presença do Senhor (assim como estava Lázaro na presença de Abraão), terão seus corpos ressuscitados e estarão assim para sempre completos — espírito, alma e corpo — na presença de Cristo eternamente. É a isso que chamamos de ressurreição "dentre" os mortos, e não "de mortos", porque é uma ressurreição seletiva apenas dos salvos. Paulo fala disso:

"Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem [ou seja, irmãos que morreram fisicamente], para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro." (1 Ts 4:13-16).

É importante entender a diferença entre "ressurreição dentre [ou de entre] os mortos" e "ressurreição dos mortos". Cristo ressuscitou "dentre os mortos" porque foi tirado do meio deles, ou seja, todos os outros mortos continuaram nessa condição de morte [o "hades"] enquanto Jesus saiu dessa condição ao ressuscitar ao terceiro dia. Alguns versículos trazem essa expressão "dentre os mortos":

"E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos... Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dentre os mortos... E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos." (Mt 17:9; 28:7; Jo 21:14).

Outras passagens usam a mesma expressão — dentre os mortos — para crentes, mostrando assim que não se trata de uma ressurreição de todas as pessoas mortas, mas igualmente seletiva como foi a de Jesus, que ressuscitou enquanto os outros permaneceram na morte.

"Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos?... Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção... Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos... Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar." (Rm 11:15; 1 Co 15:42; Fp 3:11; Hb 11:18).

Os que estiverem vivos nesse momento terão seus corpos transformados e passarão imediatamente à presença de Cristo, íntegros e completos, igual aos ressuscitados, com espírito, alma e corpo. A isso costumamos chamar de arrebatamento. Os perdidos continuarão nessa condição de "hades" até o juízo final, o "Grande Trono Branco" de Apocalipse 20:11. O arrebatamento é descrito nos versículos abaixo. Repare que a passagem de 1 Coríntios 15 deixa bem claro que nem todos os crentes morrerão ou "dormirão", que é o verbo usado na Bíblia para a morte dos santos. Crentes mortos ressuscitarão, e crentes vivos serão transformados num piscar de olhos sem terem de passar pela morte:

"Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras." (1 Ts 4:17-18).

"Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade." (1 Co 15:51-53).

A Bíblia fala de uma primeira ressurreição, mas é preciso entender que ela ocorre em estágios, tendo começado com Cristo, "as primícias" ou primeiros frutos. Por ocasião do arrebatamento ocorrerá uma segunda etapa dessa ressurreição "dentre os mortos", ou seja, a ressurreição dos salvos mortos, além da transformação dos salvos vivos.

Mas após essa ressurreição de santos mortos e do arrebatamento da igreja ou santos vivos, ficarão no mundo ainda judeus e gentios que não tiveram a oportunidade de ouvir e crer no evangelho da graça. Eles ouvirão o evangelho do Reino e se converterão, e muitos serão martirizados para depois ressuscitarem. Veja esta passagem que faz distinção entre a ressurreição dos mártires da Grande Tribulação e "os outros mortos" que receberão de volta seus corpos no juízo final para serem lançados no lago de fogo completos, espírito, alma e corpo. Veja a passagem:

"E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. (Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram). Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos." (Ap 20:4-6).

Portanto a expressão "primeira ressurreição" não é um evento único, mas descreve a ressurreição dos justos em diferentes períodos. Inclui a ressurreição de Cristo (1 Co 15:23), a ressurreição dos que são de Cristo quando ele arrebatar a igreja (1 Ts 4:13-18), a ressurreição das duas testemunhas cujos corpos ficarão nas ruas (Ap 11:11) e a ressurreição dos santos mortos durante a Grande Tribulação, que não terão se sujeitado à besta e por isso foram martirizados. Eles são descritos nesta passagem de Apocalipse 20:4-6 e também em Daniel 12:2, que diz: "E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.". O profeta Daniel não inclui o período da Igreja porque lhe era um mistério.

Lendo Apocalipse entendemos que existe um tempo entre a primeira parte deste versículo ("uns para vida eterna") e a segunda parte ("e outros para vergonha e desprezo eterno". Em suma, a primeira ressurreição inclui a ressurreição de Cristo e de todos os verdadeiros crentes, apesar de estes ressuscitarem em épocas diferentes. A primeira ressurreição ocorre em vários estágios. Os que participarem da primeira ressurreição não serão incluídos na segunda morte, quando todos os incrédulos serão lançados no lago de fogo (Ap 20:14).

Tendo explicado tudo isso podemos voltar à sua dúvida, se "hades" e morte neste versículo seriam pessoas ou personificações dessas coisas. O versículo é Apocalipse 20:14, que diz: "E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte."

Pense outra vez no exemplo das pastas em seu computador. Conforme expliquei, existe uma pasta chamada "hades" que é a condição de morte na qual estão todos os mortos, perdidos e salvos, porém em partições distintas, como as do rico e Lázaro. Quando Deus terminar de tirar da pasta "hades" todos os salvos de diferentes épocas, que terão ressuscitado em diferentes momentos da "primeira ressurreição", restará na pasta apenas uma partição, que é a dos mortos em seus delitos e pecados.

Então Deus pegará essa pasta, com todos os que estão dentro dela, e a lançará na pasta chamada "lago de fogo", que é a "segunda morte" para todos os que já estavam "mortos em delitos e pecados" (Ef 2:1) e não creram na Palavra da vida. 1 Coríntios 15:26 diz que "o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte." e Apocalipse 20:15 diz que "aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.".

Para o crente a morte já não tem mais efeito, uma vez que a vida eterna lhe está garantida. Mas para o incrédulo e para tudo mais que vive no universo, a morte continua sendo um problema até aquele dia quando o Senhor lançar a morte no mesmo lago de fogo onde terá lançado tudo aquilo que é contrário aos planos de Deus. Assim ele terá "passado a limpo" todas as coisas. Resta para o crente já hoje a bendita esperança de seu destino eterno garantido, seja na vida, seja na morte:

"Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos; sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte não mais tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus." (Rm 6:6-10).

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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