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Nossos filhos devem ser educados em casa?



https://youtu.be/G7Pg41ilEr8

Eu particularmente não adotaria esse método de ensinar os filhos em casa (homeschooling) por existir no Brasil legislação que proíbe isso e não existir na Palavra de Deus qualquer exortação a não colocarmos nossos filhos nas escolas.

Sei que isso foi uma decisão pessoal de vocês, o que os levou a ter problemas com a legislação brasileira e precisarem recorrer a advogados, portanto não é algo que deveriam esperar que outros fizessem. Eu também tenho posições pessoais sobre diferentes assuntos, que não aconselharia outros cristãos a adotarem, porque são práticas que se enquadram naquela coisa da "fé que tens, tenha para ti mesmo", de "comer legumes", etc. Em questões assim, se não posso afirmar com base nas Escrituras que todo cristão deveria agir como eu, também não posso menosprezar os que agem diferente.

E é aí que entra a outra coisa que fez soar o alarme em seu email, quando você diz que "O Senhor, como nos dias de Elias, tem chamado varões que não se inclinaram perante Baal e não entregaram seus filhos nos braços de Moloque".

Ao fazer tal afirmação você está insinuando (ou afirmando, sei lá) que aqueles que matriculam seus filhos em escolas estão entregando seus filhos nos braços de Moloque, ou que você é um dos varões que não se inclinaram diante de Baal. Será isso? Essa afirmação tem dois problemas.

Primeiro, não há qualquer coisa na Palavra de Deus que condene estudar em escolas regulares. O próprio apóstolo Paulo estudou em escolas e "lecionou" na "escola de um certo Tirano". Deixe alguma professora saber que você a está colocando na categoria de "sacerdotisa de Moloque"!

O outro problema é aplicar a si mesmo a afirmação de que você seria um dos que Deus chamou que não se inclinaram perante Baal. O versículo que citou é o que Deus respondeu a Elias, mostrando que ele não devia se gabar do que pensava de si mesmo. DEUS deu testemunho de quem ELE considerava que não tinha dobrado os joelhos a Baal; não foram os próprios que deram testemunho de si mesmos.

O próprio Elias, ao fazer tal afirmação, não disse aquilo de si mesmo de um coração puro, mas por orgulho e discriminação contra Israel:


"Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, COMO FALA A DEUS CONTRA ISRAEL, dizendo: Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; Mas que lhe diz A RESPOSTA DIVINA? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal." Rm 11

Sempre que nós afirmamos ser alguma coisa Deus vai nos ensinar que não somos coisa alguma. Qualquer que seja a posição que alcancemos que agrade a Deus, Ele vai nos mostrar que não existe um átomo de nós nisso e que foi tudo por graça. É o que continua dizendo em Romanos: "Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça. Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra".

Das 7 igrejas de Apocalipse cap. 3, só uma se gaba de ser alguma coisa: Laodicéia. Se nós hoje sabemos que uma delas guardou a Palavra do Senhor e não negou o Seu nome é porque o próprio Senhor disse isso dela, e não foi ela que falou isso de si mesma ou se considerou assim.

Se o fizesse já deixaria de guardar a Palavra do Senhor só por seu orgulho. Estaria se achando rica e abastada espiritualmente, como Laodicéia ou os Coríntios: "Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido? Já estais fartos! já estais ricos! sem nós reinais!" 1 Co 4

O que você faz com seus filhos é algo que vem de sua fé e de seu exercício pessoal. Como não existe na Palavra algo que proíba fazer ou não isso, não há o que discutir em termos de cristianismo, embora exista a questão da ilegalidade da prática pela legislação brasileira, ao contrário de outros países. Aí há também, além do problema de vocês estarem agindo em ilegalidade, o problema do falso testemunho, por alegarem diante das autoridades que se trata de uma questão de qualidade de ensino, quando a verdade é que optaram por isso por questões de fé.

No que diz respeito às coisas de Deus, a questão é puramente de consciência, e prefiro nem discutir mais isso, porque eu mesmo tenho questões ou práticas de consciência que poderiam ser contestadas por outros irmãos. Conheço irmãos nos EUA que fazem homeschooling. Eles não podem tentar me convencer de que esta é a ordem na Palavra de Deus e nem eu posso tentar convencê-los do contrário.

Por outro lado, conheço irmãos que evitam matricular seus filhos em escolas evangélicas (ou católicas) por considerarem que, aí sim, eles acabarão recebendo um ensino religioso distorcido que poderá corromper suas almas. Faz sentido, se você observar que nos evangelhos o Senhor Jesus não criticava com tanta força nos ladrões e prostitutas como Ele criticava os religiosos fariseus. Para o Senhor a religião corrompida era algo muito mais grave do que uma contravenção penal.

O grande problema de se adotar uma posição sem um fundamento claro na Palavra é dar margem ao orgulho (que é a última coisa em nós que morre). Veja o caso da oração do fariseu, que é um exemplo clássico de adoção de costumes sem fundamento claro na Palavra, mas que podem se transformar em motivo de orgulho:


"O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo."

Percebe o que ele faz? Primeiro ele dá graças pelas coisas que ele próprio faz, não pelas que Deus faz por ele. Ou seja, é uma oração de auto-adoração e de justiça própria. Segundo, ele coloca entre os seus feitos jejuar duas vezes por semana, algo que não existia nem mesmo na lei de Moisés. Ele inventou aquilo e agora se gloria disso. Resultado? Passa a olhar para quem não jejua duas vezes por semana como pessoas de uma classe inferior. É aí que mora o perigo.

Outro perigo que assola nosso coração é a síndrome da perseguição. Alguns cristãos acham que se não estiverem sendo perseguidos ou contestado em meu modo de crer e pensar, acham que não estão sendo obedientes a Deus. Então vivem procurando práticas polêmicas para serem rejeitados pela sociedade e até mesmo por outros cristãos.

Quero pedir desculpas se interpretei mal seu primeiro e-mail. Quanto a este, não é uma questão de interpretação ou julgamento, mas apenas de alerta da viagem na qual nosso enganoso coração pode nos embarcar, quando perdemos de vista a graça de Deus e passamos a nos considerar como sendo alguma coisa. Não se engane: se existe uma coisa que destrói, essa coisa é o orgulho religioso de nos acharmos melhor do que os outros por algumas práticas que adotamos.
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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Esclarecimentos: O conteúdo deste blog traz respostas a perguntas de correspondentes, portanto as afirmações feitas aqui podem não se aplicar a outras pessoas e situações. Algumas respostas foram construídas a partir da reunião das dúvidas de mais de um correspondente. O objetivo é apenas mostrar o que a Bíblia diz a respeito das questões levantadas, e não sugerir qualquer ingerência de cristãos na política e na sociedade, no sentido de exigir que as pessoas sigam os preceitos bíblicos. O autor é favorável à livre expressão e, ainda que seu entendimento da Bíblia possa conflitar com a opinião de alguns, defende o respeito às pessoas de diferentes crenças e estilos de vida. Aqui são discutidas ideias e julgadas doutrinas, não pessoas. A opção "Comentários" foi desligada, não por causa das opiniões contrárias, mas de opiniões que pareciam favoráveis mas que tinham o objetivo ofender pessoas ou fazer propaganda de alguma igreja ou religião, induzindo os leitores ao erro.

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