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O que acha do livro "Por que você não quer mais ir à Igreja"?



https://youtu.be/L30Ss9OsN58

Não conheço o livro "Por que você não quer mais ir à Igreja?", por Jake Colsen, portanto posso errar na precisão de meu julgamento. Na verdade, o autor que aparece na capa, "Jake Colsen", não existe. Os autores do livro são Dave Coleman e Wayne Jacobsen, este último fundador da Windblown Media, a editora que foi criada especialmente para publicar o livro "A Cabana" quando não foi encontrada uma editora cristã que quisesse correr o risco de fazê-lo. Repare que o sobrenome "Colsen" é construído com "COLeman" e "jacobSEN".

Saber da conexão de um dos autores com o livro "A Cabana" me preocupa. O livro "A Cabana" foi um dos livros que arquivei no "cesto arquivo" tamanhas as heresias que contém. Não se espante, eu realmente jogo fora os livros nos quais detecto erros graves quando comparados ao ensino da Palavra de Deus, e neste caso os erros eu descrevi neste link aqui.

Como já disse, não li o livro e ele pode conter idéias interessantes e até motivadoras no sentido de denunciar o erro de se transformar a Igreja em uma organização denominacional composta por um clero e tudo o que estamos acostumados a ver por aí, porém não na Bíblia.

Mas, do mesmo modo como o livro "A Cabana" mostra um Deus que está anos-luz do Deus que encontramos na Bíblia, aparentemente o livro em questão faz o mesmo em relação à Igreja, o Corpo de Cristo, que é apresentada na Palavra de Deus. A idéia romântica de "igrejas nos lares" ou "igreja em casa" não é bíblica. Mesmo que encontremos a igreja ou assembléia reunida em lares, tanto nos tempos do Novo Testamento como nos tempos modernos, "reunir-se nos lares" não é a base ou fundamento sobre o qual os cristãos devem estar congregados. O lugar físico onde estão reunidos não é o que importa, mas o fundamento.

Fiz algumas buscas de trechos do livro "Por que você não quer mais ir à Igreja?" em inglês ("So You Don't Want to Go to Church Anymore?") e pelo pouco que li os autores não entendem o que é a igreja, dirigindo todo o discurso do livro para o sentido de uma comunidade de relacionamentos. Nesse sentido, uma comunidade onde os relacionamentos são magníficos seria uma igreja boa, e uma comunidade que fica a dever neste sentido seria uma igreja ruim. A "igreja" apresentada no início do livro é, obviamente, a "igreja ruim".

Sei que o livro é uma história fictícia que apresenta uma caricatura de uma "igreja" no sentido denominacional e institucional (algo que também não é bíblico) e não tem a intenção de ser um tratado doutrinário com citações de versículos etc. Mas, considerando que sou escritor e meu estilo literário são crônicas ou histórias (reais ou não), também sei que a melhor maneira de você ensinar algo a alguém não é escrevendo um tratado científico, mas contando uma boa história. Por esta razão um pseudo-romance pode fazer mais estrago na mente das pessoas, afastando-as da Verdade, do que um livro de estudo cheio de heresias. O sucesso de "O Código Da Vinci" é prova disso.

Obviamente os autores de "Por que você não quer mais ir à Igreja?" procuram "ambientar" suas conclusões na Bíblia, sem citá-la formalmente. Mas até mesmo citações parafraseadas da Bíblia estão erradas, como esta:

"Jesus indicated that whenever two or three people get together focused on him, they would experience the vitality of church life." (Trad. "Jesus indicou que onde duas ou três pessoas se reúnem focadas nele, elas irão experimentar a vitalidade da vida da igreja").


Segundo os autores, Jesus teria dito que onde dois ou três "se reúnem" com foco nEle, experimentarão a vitalidade da vida da igreja. Isso não tem nada a ver com "Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu, no meio deles" (Mt 18:20). O sentido original do versículo bíblico deixa claro que as pessoas não se reúnem, mas "são reunidas" por uma ação externa (no caso, o Espírito Santo). Pense na figura de um cesto de frutas: os crentes são as frutas e o Espírito Santo é o cesto que as mantém assim reunidas.

O "em meu nome" do versículo também tem o sentido original de "para o meu nome" e o contexto todo fala de se ter Jesus como o centro da reunião e de reconhecer Sua autoridade que é delegada aos que foram assim reunidos. O que estes fazem, eles o fazem no sentido que tem fazer algo em nome de Jesus ou com a autoridade que Jesus lhes delegou. É este o peso e autoridade que nome de Jesus tem na questão. Finalmente, o resultado dessa reunião não é "uma experiência de vitalidade da vida da igreja", como aparece na paráfrase dos autores do livro, mas a presença real e pessoal do Senhor Jesus: "Aí estou EU, no meio deles".

Neste caso, tal presença não é no sentido do Espírito Santo que habita em cada crente, mas sim da presença Pessoal de Jesus ali mesmo, tão real quanto Ele esteve com Seus discípulos após Sua ressurreição. Ainda que tal presença nos seja invisível agora aos olhos da carne, é na promessa dEle que nos agarramos, sabendo que Ele é fiel e cumpre o que prometeu.

O cerne da questão não está no que NÓS conseguimos realizar quando agimos de uma determinada maneira, mas naquilo que o Senhor promete fazer quando o Espírito Santo reúne dois ou três para o Seu nome.

Mais algumas citações tiradas do livro em inglês:

"My favorite expression of body life is where a local group of people chooses to walk together for a bit of the journey by cultivating close friendships and learning how to listen to God together." 
(Trad: "Minha expressão favorita da vida como um corpo é quando um grupo de pessoas em um determinado lugar decidem andar juntas por um período de suas jornadas por meio do cultivo de íntimas amizades enquanto aprendem a escutar juntas o que Deus diz")

Os autores não compreendem as implicações da expressão "corpo de Cristo", um organismo real e não uma experiência resultante do relacionamento entre pessoas. Os crentes são corpo de Cristo porque o próprio Senhor os fez membros e os acrescentou ao Seu corpo, e não porque essas pessoas decidiram passar a ter algum tipo de relacionamento. Ainda que não exista qualquer amizade ou relacionamento entre dois crentes, mesmo assim eles são membros do mesmo corpo e indissoluvelmente ligados por Deus.

"[God’s wrath at the cross] wasn’t an expression of the punishment sin deserves; it was the antidote for sin and shame." 
(Trad.: "A ira de Deus na cruz não foi uma expressão do castigo que o pecado merece; foi o antídoto para o pecado e a vergonha")

Este é um erro grave, pois transforma o sacrifício de Cristo em remédio. Seu sangue, sim, tem o poder de nos purificar de todos os pecados, mas a ira de Deus que caiu sobre Jesus é sim a expressão (e a realidade) do castigo que não apenas o pecado, como o próprio pecador, merece. Não precisamos sair de Isaías 53 para ter isso muito claro diante de nossos olhos:

"... ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.... o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos... e pela transgressão do meu povo foi ele atingido... ao SENHOR agradou o moê-lo, fazendo-o enfermar... porque as iniqüidades deles levará sobre si... ele levou sobre si o pecado de muitos".

Agora compare isso com o que os autores do livro dizem: "A ira de Deus na cruz não foi uma expressão do castigo que o pecado merece". Você concorda com os autores?
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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