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Se Cristo levou nossas enfermidades, por que adoecemos?



https://youtu.be/QEgOIs_XYwk

Não é bem assim. Sei que muitos cristãos acreditam que, na cruz, Cristo tenha levado nossas enfermidades e, por esta razão, só adoece quem não tem fé. Será que é isso? Vamos ver.

O versículo citado está em Isaías: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido". Isaías 53:4 Como o capítulo fala bastante do calvário, pode dar a impressão que Ele tenha eliminado lá todas as enfermidades.

É preciso entender que Isaías foi um profeta e estava, portanto, profetizando algo relacionado ao povo de Israel (os profetas do Antigo Testamento não profetizavam a respeito da Igreja, pois até para eles era um mistério que só seria revelado depois ao apóstolo Paulo).

Assim, se perguntarmos à Palavra de Deus quando foi que se cumpriu a profecia de Isaías sobre as enfermidades do povo, a resposta que o Novo Testamento nos dá é que foi na ocasião descrita em Mt 8:17, e não na cruz.

"Então disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E naquela mesma hora o seu criado sarou. E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste acamada, e com febre. E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se, e serviu-os. E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele com a sua palavra expulsou deles os espíritos, e curou todos os que estavam enfermos; para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças". Mateus 8

O texto está dizendo que ele curava as pessoas enquanto estava aqui para que se cumprisse o que profetizara Isaías. O cumprimento da profecia foi em sua relação com o povo de Israel e não em sua morte na cruz.

O problema que acontece com esta e outras passagens da Bíblia é que doutrinas são criadas e depois versículos são escolhidos para ampará-las. E quando alguém mostra a simplicidade da Palavra, respondendo claramente, parece estranho, pois acabará indo contra compêndios e compêndios de dogmas que não passam de distorções da Palavra de Deus.

Na cruz o Senhor levou os nossos pecados. Enfermidades não são pecados, mas conseqüências do pecado que herdamos de Adão. Paulo era enfermo, Timóteo tinha uma doença no estômago e nem todos os crentes morriam de velhice. Somos salvos, mas ainda vivemos em um corpo que está arruinado por causa do pecado e que adoece, independente da fé e da perseverança da pessoa.

Aguardamos um corpo novo, sem pecado, e aí sim não teremos enfermidades. Dizer que o cristão não está mais sujeito à doença é asseverar que a ressurreição já ocorreu, pois isso só pode acontecer com um corpo perfeito, que não envelhece e não morre. Essa doutrina já existia no primeiro século da Igreja e foi citada por Paulo na segunda carta a Timóteo.

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P.S. Respondendo a dúvidas e complementando este post:

Raciocine assim: Se nossos primeiros avós (Adão e Eva) tivessem obedecido a Deus, estaríamos hoje desfrutando dos benefícios disso sem nem mesmo termos participado daquela decisão. O inverso também é verdadeiro.

Quando você assina um contrato de compra e venda imóvel, por exemplo, no final há uma cláusula que diz. "...obrigando-se as partes contratantes, por si, seus herdeiros e sucessores..." Ou seja, os herdeiros acabam ficando sob o compromisso de seus pais.

Da mesma forma, se um parente seu falecer e deixar uma herança, você a recebe sem ter feito coisa alguma para merecê-la. O que aconteceu com o pecado é semelhante. Recebemos como herança e o que fizemos com essa herança? Nós a utilizamos (ou será que você nunca pecou?).

Mas você não pode dizer que Deus seja injusto, porque o que Ele fez foi muito além do que poderíamos esperar. Para não deixar que o ser humano sofresse as consequências judiciais do pecado (ser condenado no lago de fogo), Ele providenciou um substituto, Jesus, para morrer no lugar do pecador, assumindo a culpa por nossos pecados. Assim Deus agora pode salvar aquele que crê em Jesus.

Quanto ao estrago que já foi feito (o fato de nascermos com doenças etc.), isso não muda, do mesmo modo como não muda a saúde de um alcoólatra que se converte. Seu corpo continuará trazendo as marcas de seu vício. Assim, nosso corpo continuará trazendo as marcas do pecado (doença, dor, morte) até que seja transformado em um corpo novo e imortal.

A pergunta agora não é querer saber se isso tudo é justo ou injusto. A pergunta é: você já aceitou o remédio que Deus preparou para sua eternidade?

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Deus continua curando e devemos continuar orando por isso. Mas a cura não ocorre com base na falsa premissa de que Ele tenha levado todas as nossas doenças e que o cristão não precisa mais ficar doente, como pregam alguns. Também não ocorre no mesmo caráter que encontramos nos Evangelhos ou em Atos, quando Deus estava fazendo algo novo e procurando convencer os judeus, "que pedem sinais" 1 Co 1. Hoje não precisamos mais de sinais ("os gregos buscam sabedoria"), pois todo o conselho de Deus já foi revelado em Sua Palavra, algo que os primeiros cristãos não tinham como a temos hoje (eles dependiam dos profetas do início da igreja, e dos apóstolos, para saber o que Deus queria deles).

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Não, pelo contrário. O cristão não é do mundo, apenas está no mundo como estrangeiro, de passagem. Não tem nada que reinar aqui, pois quem agora reina aqui é Satanás. "Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem em mim;" Jo 14:30. Também não foi prometido prosperidade para o cristão aqui. "no mundo tereis aflições... Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes". Jo 16:33; 1 Timóteo 6:8

Ao colocar a cura dependente da fé da pessoa e associar a isso a idéia de que o cristão não adoece, é lançado um fardo terrível sobre o cristão que crê, tem fé, porém está doente mesmo assim. Isso é não entender que a cura, como sinal indubitável de Deus, teve seu lugar principalmente para uma geração que precisava ser convencida de que Deus estava começando algo novo. "Os judeus pedem sinal..." 1 Co 1.

A idéia de que Cristo vive em mim é correta, mas não como alguns tentam colocá-la. Por meio do Espírito Santo de Deus Cristo vive em mim, porém minha carne, a velha natureza, continua em mim também. Caso contrário não haveria necessidade de exortações como as que encontramos nas cartas, pois o crente seria então perfeito. Essa doutrina já foi, de certa forma, ensinada por dois homens chamados Himeneu e Fileto, citados por Paulo em 2 Timóteo 2. Afirmar que o cristão não adoece mais seria afirmar que ele não está mais neste corpo corruptível, o que é o mesmo que dizer que a ressurreição já ocorreu na conversão.

Quem disse que a doença é a ausência de Deus no corpo do enfermo não leu que Paulo era provavelmente um homem enfermo por algumas coisas que diz em suas cartas, que Timóteo tinha uma enfermidade no estômago, razão pela qual Paulo aconselha que tome vinho com água, e que Trófimo não pode acompanhar Paulo por causa de doença (por que Paulo não o curou?): "Erasto ficou em Corinto, e deixei Trófimo doente em Mileto". 2 Timóteo 4:20

Não, é um engano dizer que o cristão tem autoridade sobre tudo o que acontece em sua vida. Ele não tem qualquer autoridade fora da vontade de Deus, e Deus tem também seus planos quando permite que um cristão adoeça e até mesmo morra. Ou será que não morremos mais? Não é aqui que aguardamos a realização de todas as promessas de Deus, mas em Cristo, quando Ele vier para nos buscar.
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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