De Companheiros Artificiais e I.A. à Imagem da Besta: Estaria o mundo sendo preparado para o engano? As pessoas me perguntam por que não veem mais vídeos novos. Pedir para um velho produzir vídeos novos é esquecer que o gás vai acabando à medida que a idade avança. Depois de três cirurgias que deixaram meu torso mais parecendo colcha de retalhos, não tenho a disposição física que tinha. Cheguei a fazer alguns meses de academia, mas uma inflamação do nervo ciático berrou para eu parar. Além disso tenho mais de oito mil vídeos publicados falando da unha do pé ao fio do cabelo, isto é, de todos os assuntos possíveis.
Nos últimos dias uma inflamação da garganta causada por refluxo mexeu com minhas cordas vocais e desisti de seguir a carreira de cantor. Para alguns de meus vídeos eu criei introduções em texto transformado em áudio usando um clone de minha própria voz. Quando gastei os créditos do serviço precisei usar outras vozes sintéticas e alguns reclamaram. Mais alguns dias e o serviço irá acrescentar mais créditos em minha conta e poderei usar minha voz novamente. Quero dizer, o clone de minha voz.
Alguns pediram que eu falasse da nova moda de filhos que não choram, não fazem xixi, cocô e nem dão trabalho. Falo das bonecas – oops! Agora uma mãe reborn me mata! – chamadas de “reborn babies”. Não tenho visto mais delas, mas já vi uma mais moderna que conversava. Uma admiradora me enviou de presente para eu dar para meu neto que devia ter um ou dois anos na época. O boneco era enorme e viajou para os Estados Unidos. Tinha olhos grandes amendoados e era mais assustador que o papagaio da Ana Maria Braga quando decidia conversar. Abri a caixa na sala da casa de minha filha e, quando meu neto viu aquele ET falando, trepou no pai como quem trepa numa árvore, gritando e chorando de terror. Minha filha deve ter dado o boneco para algum menino mais corajoso que meu neto.
Quando eu era criança não existiam tantos recursos quanto hoje, mas existiam aquelas bonecas que eram cruzamento de boneca com bicho-preguiça. Ficavam largadas na cama do casal sem fazer nada porque, exceto pela cabeça, o corpo era cheio de algodão. Assustadoras e de um tremendo mau gosto. Minhas irmãs tinham bonecas, e eu brincava de casinha com elas, mas não eram tão perfeitas quanto as de hoje. As bonecas de minha irmã mais velha tinham corpo de plástico duro e a cabeça de borracha macia, e o máximo que conseguiam fazer era abrir e fechar os olhos.
Mas minha irmã mais nova oito anos em relação a ela, já ganhava bonecas mais reais, que falavam e choravam, quando uma cordinha era puxada em suas costas. Também faziam xixi. De vez em quando eu era a boneca de minha irmã mais velha, como quando me vestiu de Chapeuzinho Vermelho para um teatrinho que ela inventou. Não, minha irmã não era o Lobo Mau, este papel coube à minha babá.
Tínhamos dois “pets” que na época chamávamos apenas de cachorros. Eram da raça Fox, a Tip e o Top, uma fêmea e um macho, nenhum deles chamados de “menine”. Faziam boa companhia, mas nunca pensaríamos em vesti-los como gente e nem os chamar de filhos. Era a época quando ainda existiam os hospícios e ninguém queria arriscar ir parar em um deles. Quando minha irmã mais velha era bebê minha mãe contratou uma cozinheira que vivia dizendo que um dia ainda iria assar aquele bebê como um porquinho. Quando minha mãe descobriu que a mulher tinha fugido do hospital psiquiátrico Sayão de Araras, achou melhor mandá-la embora. Só para garantir.
Na época o Whatsapp funcionava na calçada, com as senhoras puxando suas cadeiras de dentro de casa para fofocar ali. A programação da TV começava acho que às 18 horas com a Sessão Pim-Pam-Pum, depois vinha alguma novela, o Repórter Esso e a propaganda dos cobertores Parayba que mandava criança dormir. Nada de computador, tablet, smartphone, coisas que não tinha nem nos filmes de ficção científica. Exceto nos gibis do Dick Tracy, que tinha um relógio de pulso que era rádio.
Mas tudo mudou muito rápido, da válvula para o transistor para o microchip. E o coração humano, antes profundamente enraizado em relacionamentos com outras pessoas e com Deus, passou a ser cada vez mais redirecionado para substitutos artificiais. Quem na época poderia imaginar que humanos se casariam com bonecas infláveis e chamariam cães e gatos de filhos e filhas?! Passamos a alimentar animais de estimação digitais, amamos bonecas robóticas, conversamos com parceiros de IA e, em alguns casos, adoramos máquinas que falam e respondem como humanos. Em todo o mundo, as pessoas estão se voltando para companheiros digitais e artificiais para preencher vazios emocionais:
Bonecas ultrarrealistas cuidadas por adultos, às vezes para substituir crianças perdidas, mas também cada vez mais como companheiras para aqueles solitários ou emocionalmente feridos. Robôs sexuais de Inteligência Artificial e amantes virtuais, que oferecem intimidade e obediência sem a bagunça dos relacionamentos humanos. Estas últimas até não são tão modernas assim. Radicais islâmicos acreditam que se virarem mártires explodindo seu corpo num mercado cheio de gente irão morar num paraíso com 72 virgens de olhos negros, pele branca e cabelos pretos que não ficam menstruadas, não evacuam e são perfeitamente depiladas. Tente depilar uma boneca inflável e ela vai explodir.
Então nos anos 90 os japoneses, que eram os chineses da época, inventaram os Tamagotchis, formas primitivas de vida digital que imitavam afeto e responsabilidade, abrindo caminho para um investimento emocional mais profundo em entidades não humanas. Vieram depois os Chatbots de Inteligência Artificial, como o Replika, que alguns chamam de "almas gêmeas", preferindo-os a pessoas reais. Influenciadores e personalidades digitais como Lil Miquela ou o japonês Azuma Hikari conquistaram seguidores humanos reais, moldando gostos, tendências e até relacionamentos.
Estes exemplos apontam para uma mudança mais profunda: o condicionamento da humanidade a aceitar formas de vida artificiais como emocionalmente, relacionalmente e até espiritualmente significativas. E aí você descobre os versículos 13 ao 15 do capítulo 13 de Apocalipse, que pinta uma imagem perturbadora do fim dos tempos. Ao se referir ao anticristo, diz:
“E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens. E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia. E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta.”
Se você acha que fazer uma imagem falar é difícil é porque nunca usou as dezenas de aplicativos para computador e celular que transforma fotos em animações perfeitas, com voz e tudo. Essa “imagem da besta”, que recebeu fôlego e voz, torna-se um objeto de adoração e controle. Ela não é mais apenas um símbolo; é animada, vocal, autoritária — e perigosa. Os paralelos com a tecnologia moderna são difíceis de ignorar, mas eu apostaria mais em poder satânico do que em tecnologia para fazer isso.
De qualquer modo já estamos criando imagens que falam, sejam assistentes holográficos, avatares de IA ou robôs realistas, e são uma maneira de nos acostumarmos a isso. Durante décadas os gibis e desenhos animados nos fizeram acostumar com bichos falantes e até com um Pato Donald que andava só de camisa, sem calças. As imagens tecnológicas estão sendo cada vez mais confiáveis, ouvidas e até obedecidas. E pensar que quando criança eu adorava colocar moedas na caixinha da Igreja da Boa Morte que tinha um anjinho em cima que abaixava a cabeça como se agradecesse a esmola!
Em alguns países, a IA está sendo introduzida em ambientes religiosos — padres robôs, rituais guiados por IA e até mesmo "deuses" de IA. As pessoas estão sendo emocionalmente condicionadas a aceitar autoridade artificial, especialmente quando ela proporciona conveniência, afirmação ou companheirismo. Será que a infraestrutura espiritual para a imagem da besta já está sendo construída? Não posso afirmar, mas certamente vemos um entorpecimento emocional cada vez maior aliado a uma cegueira espiritual rampante.
Um dos perigos aqui não é apenas a tecnologia em si, mas o que ela faz à alma humana. Ao trocarmos afeição real por substitutos programáveis, nós nos tornamos emocionalmente isolados, mas digitalmente apegados. Ansiamos por controle sobre relacionamentos, em vez de vulnerabilidade e crescimento e perdemos a capacidade de discernir o verdadeiro do sintético, o sagrado do profano.
Esse embotamento dos sentidos espirituais é precisamente o que as Escrituras alertam que acontecerá no fim dos tempos: o engano não virá por meio da força bruta, mas por meio de sinais impressionantes, falsa intimidade e complacência espiritual. Ao falar dos que ficarem no mundo após o arrebatamento da Igreja, o apóstolo Paulo escreve:
“E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade.” 2 Tessalonicenses 2:8-12
Este não é um chamado para temer toda a tecnologia, mas um chamado ao discernimento espiritual. Assim como os cristãos do primeiro século tiveram que discernir ídolos falsos em pedra e ouro, agora precisamos discernir ídolos feitos de código, silicone e circuitos. À medida que as companhias artificiais se tornam mais sofisticadas e as necessidades emocionais são cada vez mais insatisfeitas na comunidade humana, o mundo pode estar preparado — psicológica e espiritualmente — para abraçar algo como a imagem da besta: um símbolo vivo e falante de poder que exige lealdade, impõe obediência e pune a dissidência.
Ainda não se sabe se a IA e a robótica cumprirão diretamente as profecias — mas uma coisa é: elas estão preparando corações e mentes para um mundo em que o engano parece conforto e a idolatria parece progresso.
A ascensão do afeto artificial não é apenas uma questão tecnológica — é um campo de batalha espiritual. À medida que as pessoas substituem relacionamentos reais por substitutos digitais, a alma humana se torna vulnerável à manipulação, à desconexão e à falsa adoração. Apocalipse 13 não é mais apenas um aviso distante e enigmático — pode ser uma realidade em desenvolvimento, tomando forma nas escolhas que fazemos todos os dias. Agora é a hora de despertar então, buscar a verdade e resistir à atração do conforto artificial que um dia pode se tornar cativeiro espiritual.