Anos atrás eu estava em Santos, no litoral de São Paulo, onde morei por seis meses ao iniciar a faculdade. Passando em frente a um restaurante na avenida da praia, fui atraído
pelo que vi numa vitrine de salgados: Um bolinho de camarão gigantesco, com o rabo do bicho saindo de um lado e a cabeça do outro. O corpo era o bolinho e minha visão de raios X podia enxergar um camarão
enorme ali dentro. Comprei, e na primeira mordida vi que tinha sido enganado pela aparência. O bolinho do meio era só massa de trigo e batata com um ligeiro aroma de camarão. A cabeça e a cauda eles
deviam ter aproveitado dos pratos dos comensais só para enganar o freguês.
Hoje muitos pregadores que existem por aí oferecem um evangelho que é um bolinho de camarão: Cabeça grande e cauda gigante, mas sem qualquer recheio real. Alguns até incluem no recheio uma pitada de evangelho, mas o objetivo não é acenar para a possibilidade de você ser perdoado de seus pecados e receber a salvação eterna. Costuma ser uma mensagem de moralidade, mudança de vida e principalmente de uma esperança colocada no mundo, ainda que seja em um mundo melhor e mais justo segundo os padrões bíblicos.
Há alguns anos eu falei da “Teologia do Pacto”, que é o cristianismo que prevalece na maior parte da cristandade, que anuncia um mundo melhor e sob o controle dos cristãos. Pesquise por “Teologia do Pacto” + Mario Persona para encontrar o vídeo e texto sobre o assunto. Perguntei ao Google Gemini de Inteligência Artificial se a “Teologia do Pacto” era a teologia por trás das pregações do Charlie Kirk, assassinado por causa de suas ideias bíblicas contra o aborto, a agenda “Woke” e o comunismo. O Gemini respondeu que não exatamente, mas que sua teologia seguiria mais o que é chamado de "Mandato das Sete Montanhas", que é “uma abordagem mais contemporânea e menos rigorosa que a "Teologia do Domínio".
Concentra-se em exercer influência e liderança em sete "montanhas" culturais importantes para transformar a sociedade para Cristo. A I.A. continua explicando: “Embora compartilhe o objetivo da influência cristã sobre a sociedade, não defende necessariamente um governo teocrático baseado na lei do Antigo Testamento, da mesma forma que a “Teologia do Domínio”. As crenças de Kirk, particularmente sua defesa do nacionalismo cristão e sua promoção do "Mandato das Sete Montanhas" por meio de sua organização “Turning Point Faith”, demonstram sua convicção de que os cristãos devem ter um papel significativo na formação do cenário político e cultural dos Estados Unidos.”
Mas nem todos concordaram com meus comentários a respeito das crenças de Charlie Kirk. Uma irmã escreveu: “Querido irmão Mario, centenas de jovens se voltaram a Jesus em diferentes lugares por causa de Charlie Kirk. Não ficou claro para mim por que você está criticando as pregações dele”. Respondi que o tempo todo recebo mensagens de pessoas que foram salvas ouvindo o líder da Igreja Universal do Reino de Deus. Isto não significa que ele esteja certo ou que pregue a sã doutrina, mas apenas que quando ele lê em voz alta João 3:16 da Bíblia (mesmo sem entender o que diz) a Palavra de Deus não volta vazia; as pessoas são salvas pelo poder da Palavra de Deus, mesmo quando pregada por incrédulos ou mercenários. É o que diz Romanos 10:17 “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.”
Enquanto muitos esquerdistas perdem o emprego por zombarem do assassinato brutal de um cristão, o evento só fez crescer a simpatia por um cristianismo fundamentalista e baseado em princípios morais para transformar o mundo na esperança de uma “Nova Era” de paz e prosperidade. Foi isso que Charlie Kirk escreveu em uma mensagem para o Papa publicada em seu perfil no “X” três dias antes de ser brutalmente assassinado (aparentemente a postagem foi depois apagada). Não fica difícil de perceber que a agenda do anticristo se infiltrou até mesmo em seu movimento. Percebi isso depois de saber que metade de sua equipe é formada por mórmons, uma seita diabólica que nega a divindade de Cristo. Ou seja, o que ele buscava era o ecumenismo em sua essência.
Charles Kirk escreveu: "Falamos sobre uma Era de Ouro na América... Eu sou um Cristão Evangélico, mas eu oro para que o novo Papa ajude a inaugurar uma nova Era de Ouro do Cristianismo. Se o novo Papa defender a fé, defender o Ocidente, defender a biologia e as verdades eternas, eu serei o seu maior fã.". Ora, se estamos esperando por uma “Era de Ouro na América”, não estamos esperando pela vinda de Cristo a qualquer momento. Os movimentos da sociedade, por mais sinceros que sejam e tenham aparência de fidelidade a Deus, precisam ser comparados com a sã doutrina da Bíblia ou não passarão de ilusão, como meu bolinho de camarão.
Vale lembrar que orar para que os problemas do mundo terminem, ou até mesmo os problemas de um incrédulo em particular, não tem fundamentação bíblica, por outro lado interceder pelos incrédulos tem, e isto no sentido de que se convertam e sejam perdoados de seus pecados e salvos, e não para que melhorem de vida neste mundo. O Senhor não orava pelo mundo, porque sabia que a tal “Era de Ouro” viria no tempo do anticristo. “Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão.” 1 Tessalonicenses 5:3.
O Senhor, e também seus discípulos, certamente intercediam ao Pai para que incrédulos se convertessem e fossem perdoados de seus pecados, e não para que terminassem os problemas do mundo e das pessoas que continuam a viver aqui indiferentes e em inimizade contra Deus. Até mesmo para os que se identificassem como irmãos e vivessem uma vida contrária à fé cristã não deveriam ser objeto da oração dos crentes. O próprio Senhor não orava pelo mundo. “Eu rogo por eles [os discípulos]; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.” João 17:9. É o caso de Israel no momento atual em sua indiferença e rabelião contra Deus. Existem campanhas entre cristãos para que orem pelo bem de Israel, mas isso é ir na contramão da vontade de Deus.
O profeta Jeremias escreveu: "Disse-me mais o Senhor: Não rogues por este povo para seu bem. Quando jejuarem, não ouvirei o seu clamor, e quando oferecerem holocaustos e ofertas de alimentos, não me agradarei deles; antes eu os consumirei pela espada, e pela fome e pela peste. Então disse eu: Ah! Senhor Deus, eis que os profetas lhes dizem: Não vereis espada, e não tereis fome; antes vos darei paz verdadeira neste lugar. E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente no meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, e adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam. Portanto assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam no meu nome, sem que eu os tenha mandado, e que dizem: Nem espada, nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome, serão consumidos esses profetas. E o povo a quem eles profetizam será lançado nas ruas de Jerusalém, por causa da fome e da espada; e não haverá quem os sepultem, tanto a eles, como as suas mulheres, e os seus filhos e as suas filhas; porque derramarei sobre eles a sua maldade... Disse-me, porém, o Senhor: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não estaria a minha alma com este povo; lança-os de diante da minha face, e saiam." (Jeremias 14:11-16; 15:1).
O Senhor nos dá a certeza da eficácia de nossas orações quando feitas "segundo a sua vontade", e não segundo a vontade da opinião pública ou de nossos desejos pessoais. “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.” (1 João 5:14).
por Mario Persona
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
