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A assembleia pode congregar via Internet para oração?



https://youtu.be/PI03S1Ugzng

Você escreveu dizendo que assistiu uma live sobre uma reunião online não ser uma reunião da assembleia congregada ao nome do Senhor, mas não entendeu que problema haveria se fizéssemos uma reunião de oração desta forma. Então você pergunta: "Por que a assembleia não pode estar reunida para orar virtualmente como quando está reunida para orar presencialmente?".

É muito bom que façam essas lives ou webinars de oração ou estudo bíblico, pois nunca é demais orarmos por diferentes necessidades e aprendermos mais da Palavra. Mas é preciso entender que o Senhor Jesus não estará presente no meio, e nem foi o Espírito Santo quem reuniu, mas sim o administrador da plataforma que estiverem usando. Não é o Espírito quem convida a estarem todos juntos, reunidos, e os reúne ali, mas o administrador que envia o link e define o horário da reunião.

Além disso, por depender de tecnologia, nem todos podem estar reunidos, pois irmãos mais velhos que não tenham domínio sobre a tecnologia ou não tenham condições de pagar por uma conexão de Internet seriam impedidos de participar e desfrutar da presença do Senhor, se é que Ele estaria presente. Outra coisa é que não haverá liberdade do Espírito para usar quem ele quer, mas isso irá depender outra vez de conhecimento tecnológico, qualidade da rede etc.

Percebe como é limitante tudo isso para ser uma reunião de assembleia nos moldes bíblicos? Numa reunião de assembleia os irmãos responsáveis julgam e podem até pedir para alguém se calar caso fale alguma má doutrina ou faça um pedido equivocado de oração, mas numa live não, porque se for o administrador da plataforma quem falou alguma má doutrina ele pode muito bem derrubar a conexão por não gostar de ter sido advertido.

Aprendemos que as atividades da Igreja quando congregada eram aprender da comunhão e doutrina dos apóstolos, celebrar a ceia do Senhor recordando sua morte, e estarem congregados para oração. "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações." (At 2:42). Veja agora esta versão bíblica de uma reunião de oração ocorrida no princípio: "E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos" (At 4:31). Uma versão moderna seria assim: "E, tendo orado, moveu-se A CONEXÃO em que estavam reunidos".

Agora deixo para você descobrir como e onde no livro de Atos aconteceu a reunião de oração da assembleia reunida que vou plagiar aqui: "E, considerando Pedro nisto, acessou a live onde muitos estavam reunidos e oravam.".

Não se esqueça de que quando o Senhor pediu a seus discípulos que fossem preparar a Páscoa, ele indicou um lugar, não um IP ou link. Era um lugar físico, uma sala em um cenáculo, ou seja, elevado, longe do nível do mundo. Ali ainda não era a Igreja reunida, mas foi ali que ele instituiu a ceia que depois Paulo receberia por revelação para celebrarmos de maneira presencial, não virtual.

"E havia muitas luzes no cenáculo onde estavam juntos. E, estando um certo jovem, por nome Êutico, assentado numa janela, caiu do terceiro andar, tomado de um sono profundo que lhe sobreveio durante o extenso discurso de Paulo; e foi levantado morto." (At 20:8-9).

Se nesta outra ocasião, antes de partirem o pão, o jovem Êutico tivesse apenas sofrido uma queda de conexão, e não de três andares da janela (não, ele não estava no Windows) onde pegou no sono, não teria morrido e Paulo não teria precisado trazê-lo de volta à vida.

Então esqueça de vez ter reuniões da igreja em meio virtual, porque o meio virtual na prática não existe. Se existisse ninguém precisaria ir às reuniões, todas elas há muito tempo já poderiam ter sido feitas por rádio ou telefone mesmo antes de terem inventado a Internet. Mas é na reunião presencial que o Senhor Jesus prometeu também estar presente "no meio", e não simplesmente "conectado" àquela reunião. Afinal, onde é o "meio" de uma conexão de Internet?

"Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, ONDE estiverem dois ou três reunidos em meu nome, AÍ ESTOU EU NO MEIO DELES." (Mt 18:18-20).

Resumindo: Irmãos podem promover reuniões virtuais de estudo da Palavra que serão proveitosas, mas não poderão ser biblicamente chamadas de reuniões da assembleia. Esta deve ser presencial para estar neste caráter. Também podem combinar de orarem juntos online (que na verdade tem o mesmo efeito de eu ligar para alguém e sugerir fazermos uma oração juntos pelo telefone), mas também não será uma reunião da assembleia com a presença do Senhor no meio.

Nem preciso falar da ceia do Senhor, porque não existe um meio de fazer upload e download do pão e do vinho, e mesmo que já exista tecnologia para transmitir objetos físicos de um lugar para outro usando impressoras 3D, continuará não sendo a ceia do Senhor que recebemos por revelação dada a Paulo.

"Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor." (1 Co 11:23-27).

Na live que você escutou onde eu outros irmãos tratamos do tema, você ouviu um irmão comentar do caso do transporte da Arca da Aliança à maneira dos filisteus e de como Uzá foi morto como consequência da falta de importância dada a isso. Independente de sua boa intenção ou fidelidade a Deus, aquela não era a maneira de se transportar a Arca e ninguém estava autorizado a tocá-la. É desse "indignamente" que Paulo está também falando na passagem, porque ali não é apenas a questão de um irmão tratar com indignidade a ceia. A passagem de 1 Coríntios 11:23-27 deve ser vista no contexto da ruína que havia caído sobre a assembleia em Corinto e a falta de cuidado e reverência que cercava a ceia do Senhor. Tratar a ceia com tamanha falta de respeito era ser culpado do corpo e do sangue do Senhor.

Um paralelo que pode ser feito é o dos símbolos de uma pátria, como a sua bandeira. Existe toda uma exigência de respeito e solenidade no modo como a bandeira deve ser tratada, e qualquer um sabe que quando vemos no noticiário uma bandeira de um país sendo cuspida, pisoteada e queimada por opositores, entendemos bem a gravidade da situação. É como se estivessem cuspindo, pisoteando e queimando o próprio país. Às vezes isso pode ser o estopim para uma guerra com milhares de mortos.

A falta de um juízo próprio na assembleia de Corinto no modo como a ceia do Senhor estava sendo tratada tinha suas consequências: muitos estavam fracos e doentes, e muitos já dormiam, isto é, morreram. Sim, a morte é uma das maneiras como o Pai disciplina seus filhos. Quando um filho seu não anda de forma a servir de testemunho neste mundo, Deus pode simplesmente chamá-lo, interrompendo sua vida aqui. É isto que a Bíblia chama de "pecado para a morte". O crente é salvo mesmo assim, mas sua vida foi perdida. Se estava pronto para ir para o céu graças ao sacrifício de Cristo, não estava preparado para viver na terra como um testemunho para ele. Mais uma vez o ato impensado de Uzá me vem à mente.

A Arca representava a presença do Senhor no meio do arraial dos israelitas e devia ser mantida e transportada conforme as instruções dada pelo Senhor, e não à maneira do mundo. Podemos usar de diferentes meios para levar (ou transportar) a mensagem do evangelho — folhetos, livros, revistas, áudios, vídeos, rádio, TV, Internet, outdoors etc. —, mas o mesmo não se aplica à presença do Senhor em nosso meio e ao testemunho que damos a homens e anjos quando congregados ao seu Nome. Qualquer coisa que ultrapasse a maneira singela como fomos instruídos a fazer isso estará fora da vontade do Senhor.

Aqui o link para o estudo online que foi mencionado no início: https://youtu.be/IvT4bgF9gyc

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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Esclarecimentos: O conteúdo deste blog traz respostas a perguntas de correspondentes, portanto as afirmações feitas aqui podem não se aplicar a outras pessoas e situações. Algumas respostas foram construídas a partir da reunião das dúvidas de mais de um correspondente. O objetivo é apenas mostrar o que a Bíblia diz a respeito das questões levantadas, e não sugerir qualquer ingerência de cristãos na política e na sociedade, no sentido de exigir que as pessoas sigam os preceitos bíblicos. O autor é favorável à livre expressão e, ainda que seu entendimento da Bíblia possa conflitar com a opinião de alguns, defende o respeito às pessoas de diferentes crenças e estilos de vida. Aqui são discutidas ideias e julgadas doutrinas, não pessoas. A opção "Comentários" foi desligada, não por causa das opiniões contrárias, mas de opiniões que pareciam favoráveis mas que tinham o objetivo ofender pessoas ou fazer propaganda de alguma igreja ou religião, induzindo os leitores ao erro.

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