https://youtu.be/R-MwSLASKw0
Não sei se sua pergunta tem a ver com os que não acreditam que a terra seja um globo, mas foram seduzidos pelas fábulas dos teoristas conspiratórios do Youtube. Eles ensinam que sobre nós existiria um firmamento na forma de uma abóbada com estrelas e planetas de mentirinha, só para enfeitar o céu como são aqueles adesivos fosforescentes que crianças colam no teto do quarto.
Em Gênesis 1:6 algumas traduções trazem "expansão" em lugar de "firmamento", e faz muito mais sentido porque a passagem está falando do momento em que Deus dividiu as águas em duas partes: uma que permaneceu líquida, e outra que é a porção gasosa do planeta. A atmosfera é a abóbada gasosa que cobre nosso planeta, e é formada pelos mesmos elementos que compõem a água – H2O —, ou seja, Hidrogênio (H) e Oxigênio (O) expandidos na forma de gases. Pouco mais de 1% da atmosfera é formada por outros gases.
"E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi. E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo. E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi." (Gn 1:6-9).
William MacDonald define assim: "Antes do segundo dia, parece que a terra estava completamente cercada por uma espessa camada de água, talvez na forma de um vapor pesado. No segundo dia Deus dividiu esta camada, parte cobrindo a terra com água e parte formando nuvens, com as camadas atmosféricas (firmamento ou "cúpula") entre elas. Deus chamou o firmamento Céu – isto é, a extensão do espaço imediatamente acima da terra (não os céus estelares, nem o terceiro céu, onde Deus habita). O versículo 20 deixa claro que o céu aqui é a esfera onde os pássaros voam: 'E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus.' (Gn 1:20).".
Alguns desses da turma do "me engana que eu gosto" tentam usar os versículos 14 e 15 para confundir as coisas: "E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos. E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi." (Gn 1:14-15). Mas repare que no versículo 6 o texto nos fala da "expansão" ou "firmamento", ao qual o Senhor chamaria de "céus" ou "shamayim" no versículo 8, enquanto nos versículos 14 e 15 é usada uma palavra composta para designar o lugar onde estariam os luminares, ou "expansão dos céus" ou "firmamento dos céus" ("raqiya‘ shamayim").
Considerando que Deus já tinha criado os céus no versículo 1, a partir do versículo 3 ele está apenas ordenando a Terra e o universo imediatamente circundante à Terra para esta servir de habitat para o homem. O sol e as estrelas já existiam desde o versículo 1, quando "No princípio criou Deus os céus e a terra", e zilhões de anos mais tarde, em Gênesis 1:14-14, o Senhor colocaria os astros como luminares e sinais para orientação do homem, sinais estes usados até hoje.
Entenda que Deus está falando neste início de capítulo de dividir coisas que já existiam desde Gênesis 1:1, dividindo luz e trevas – "e fez Deus separação entre a luz e as trevas" (Gn 1:4-5) –, águas de baixo e águas de cima – "e haja separação entre águas e águas" (Gn 1:6-7) –, terra e mares – "e disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi." (Gn 1:9-10). Deus estava separando as coisas para preparar o terreno para introduzir o homem e toda a vida que seria necessária à sua subsistência na terra.
Mas os céus, no sentido absoluto com seus planetas e estrelas, já existiam desde tempos imemoráveis, pois "no princípio" refere-se a um tempo quando Deus criou o universo, e fica difícil falar em "tempo" uma vez que tempo e matéria são complementares. Antes disso foram criados os anjos, pois vemos que eles estavam presentes na plateia da Criação e jubilantes com o que viam.
Aprendemos isso da repreensão que Deus dá em Jó: "Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pós as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?" (Jó 38:4-7). Por esta razão o diabo aparece no Jardim do Éden como um anjo já caído ou deposto de sua posição de administrador da terra, posição esta que seria ocupada por Adão e gerou ciúme em Satanás.
Deus criou diferentes formas de vida na terra, antes da grande rebelião dos anjos que transformou o Universo em um caos de trevas e desordem: "E a terra era [no original 'estava'] sem forma [tohuw] e vazia [bohuw]; e havia trevas sobre a face do abismo. (Is 45:18). De Isaías 45:18 aprendemos que na Criação original a terra não era vazia: "Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia [bohuw], mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o Senhor e não há outro.".
Gên 1:14 E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos.
Gên 1:15 E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi.
Os versículos 14 e 15 de Gênesis 1 falam dos "luminares na expansão dos céus" e F. B. Hole comenta: "No segundo dia, um "firmamento" ou "expansão" foi chamado à existência. Como resultado disso, uma divisão adicional ocorreu; não agora da luz das trevas, mas das águas das águas. Deus chamou essa expansão, o céu. No versículo 1 de Gênesis 1 "céus" indicam o que deveríamos chamar de céus estelares. No versículo 8 o assunto são os céus atmosféricos. É nele que imensas quantidades de água flutuam sobre nós na forma de nuvens, separadas das quantidades muito maiores que se encontram na terra abaixo. Como resultado do trabalho do segundo dia, a Terra foi cercada por uma atmosfera. Isso foi consequência da Palavra de Deus: "Deus disse ... e assim foi.".
L. M. Grant escreve: "Agora Deus fala para introduzir um firmamento para dividir as águas das águas (v. 6-7), dividir as águas sob o firmamento daquelas acima. Ele chamou o céu do firmamento. Este céu é claramente o céu atmosférico, e as águas acima são, sem dúvida, aquelas contidas nas nuvens. São águas frescas e puras, enquanto as que estão embaixo são salgadas, impróprias para o consumo humano.".
Para complementar, se sua pergunta foi feita em cima da hipótese de uma terra plana coberta por uma gigantesca "cloche", aquela tampa abobadada que cobre os pratos nos restaurantes, quero informar que, quando tinha dezessete anos, em meus tempos de estudante de intercâmbio nos Estados Unidos morei na casa do engenheiro que projetou as baterias do projeto Apollo. Foi ele inclusive quem foi acordado no meio da noite para calcular se as baterias teriam carga suficiente para trazer de volta os astronautas da Apollo 13 usando o módulo lunar, apelidado de "bote salva-vidas".
Nunca me passou pela cabeça que ele teria projetado baterias fictícias para um foguete de mentirinha da NASA que seria incapaz de sair da Terra para ir à Lua, pois acabaria dando trombada numa suposta abóbada intransponível sobre a terra em formato de pizza produzida na cantina mental dos terraplanistas. Se tudo não passasse de uma bem elaborada conspiração, o pessoal que trabalhava no turno da noite não teria ligado a um engenheiro para pedir que calculasse a carga das baterias. Teria ligado a um disk-pizza.
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)