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Posso me filiar a um partido político?



https://youtu.be/KvS7Mbop4qw

Você pergunta se pode se filiar a um partido político, e a resposta rápida é pode, mas não deve, pois não seria ilegal fazê-lo. Porém não encontro qualquer fundamento bíblico para um cristão filiar-se a um partido político. A razão é que para filiar-se a algo é preciso estar disposto a endossar sua ideologia e ações. Você endossaria a ideologia e ações desse partido político ao qual pretende se filiar? Uma passagem me vem à memória, e acredito ser suficiente para um cristão que busque fazer a vontade de seu Senhor:

"Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso."

Esta exortação não é apenas no sentido religioso, mas também social. Quando me associo a alguém fico comprometido com essa pessoa e passo a responder por associação, como se estivesse algemado a essa pessoa. Então pense bem se isso a que você pretende se filiar é algo de Deus e que faz as coisas para a glória de Deus ou não. Analise se fazendo assim irá se colocar ombro a ombro com incrédulos, ateus e até inimigos da cruz de Cristo.

A palavra "jugo" é conhecida no meio rural como "canga", aquele pedaço de madeira colocado sobre o pescoço de dois bois para puxar uma carga. Jugo desigual é colocar um boi e um jumento lado a lado, o que não dá certo. Eles têm tamanhos diferentes, força diferente, passo diferente.

Uma vez perguntaram ao humorista Groucho Marx se ele queria se filiar a um determinado grupo, e resposta foi: "Nunca me associaria a um grupo que aceite associados como eu".

Quando vemos instabilidade em muitos países, com movimentos para substituir um governo por outro, para o mundo é muito normal que governos dominem e sejam dominados, subam e caiam pelas mãos do povo, porque a democracia prega que o poder emana do povo.

Mas a verdade da Bíblia é que o poder emana de Deus, e Jesus deixou isso muito claro para Pilatos quando disse que ele não teria poder algum se do alto não lhe tivesse sido dado. "E entrou outra vez na audiência, e disse a Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar? Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado." (Jo 19:9-11).

Então como cristão não devo me envolver, nem com um lado, nem com outro, nem com direita, nem com esquerda, nem com centro, porque os poderes que ora existem foram dados por Deus, e quando caem e outros tomam seu lugar, isso também é com a permissão de Deus. Ao cristão compete apenas e tão somente se sujeitar às autoridades, sejam elas um rei justo, bondoso e misericordioso, ou um Nero, que promovia bacanais nos jardins de seu palácio iluminados por cristão untados com alcatrão, atados a estacas e queimando como tochas humanas.

Mesmo diante de toda aquela injustiça e crueldade você não encontra os autores de Atos e das epístolas falando uma vírgula contra um tirano como Nero e outros, e nem incentivando cristãos a participarem de manifestações para derrubá-los. Deviam deixar que os mortos enterrassem seus próprios mortos. Nós, salvos por Cristo, não estamos mortos, mas o mundo está com sua população morta em delitos e pecados aos olhos de Deus.

Às vezes eu imagino a perspectiva que Deus tem deste mundo como se estivesse assistindo a um seriado do tipo "Walking Dead", com todos aqueles zumbis vagando por aí, contaminando outros com suas mordidas e devorando carne humana. A diferença é que não cabe aos descontaminados pelo pecado se livrarem dos demais ou tentarem colocar as coisas em ordem. Sua missão é muito mais a de agentes infiltrados levando a mensagem de salvação eterna aos perdidos e orando pelos que governam, sejam eles um Nero ou um rei bondoso.

Neste ponto você pode argumentar que se os cristãos não tomarem as rédeas do mundo os maus tomarão, e o mundo nunca será um lugar de paz e tranquilidade. E quem disse que será? O Senhor Jesus já disse que tudo irá piorar cada vez mais até sua vinda, e aí sim será ele quem irá passar a régua. Enquanto isso não faltará ao mundo aqueles que são do mundo para brigar pelas rédeas. E o cristão? Bem, este não é do mundo, assim como o Senhor não era. Além disso, querer interferir em um estado de coisas que Deus está permitindo não é exatamente tomar o partido de Deus, mas da vontade própria. William Kelly, em seu livro "Lecture on the Book of Ezra", comenta:

Os homens são e têm sido muito orgulhosos deste tempo que Deus chama os 'tempos dos gentios'. O que isto significa nos pensamentos de Deus? Um estado de confusão apenas controlado pela providência de Deus, que coloca o mais vil dentre os homens para governar sobre ele. Assim é assim que Deus se refere a este tempo. Quão humilhante! Enquanto o orgulho gentio se vangloria em seus grandes homens que governam o mundo, repito, Deus caracteriza este tempo como uma estação -- um mero intervalo de tempo -- que simplesmente foi introduzido por causa do pecado rebelde e apóstata de Israel e, consequentemente, Deus permite em Sua providência que o pior leve vantagem. Não podemos formar um julgamento correto do estado do mundo e de sua história em larga escala sem levar isso em conta. 

Isso não impede, no menor grau, que o cristão -- o crente -- honre os poderes, pois esse é claramente nosso dever. Como a honra não é de todo baseada em seu caráter pessoal, não temos nada a ver com a origem deles, como eles obtiveram seu poder ou como usam seu poder. Tudo o que temos a fazer, como crentes, é reconhecer a Deus e ao magistrado. Talvez o magistrado, ou o rei, não reconheça a Deus. Isso é uma coisa séria para ele, mas não muda nossa relação. Nosso dever, mesmo se os reis ou os magistrados forem todos infiéis, é reconhecê-los como ministros de Deus, ainda que eles, sem dúvida, estejam servindo a Deus cegamente, mas mesmo assim cumprindo com sua posição o propósito de Deus, embora eles mesmos pensem ser por si mesmos que estão ali. 

Em suma, somos obrigados a render essa honra aos poderes constituídos, independente de qual possa ser sua forma particular. Pode ser uma monarquia ou um império, ou uma república, ou seja o que for que os homens reconheçam no momento. Nossa obrigação é prestar honra e sujeição aos poderes superiores. Isso torna o caminho do cristão extremamente simples, e eu insisto nisso, amados irmãos, porque estamos em um tempo em que pontos de vista completamente diferentes prevalecem. O espírito da era é totalmente contra o que estou dizendo agora. Eu lhe dou, portanto, um aviso completo sobre isso.

Como ficou muito claro, mesmo que você se filie a um partido político para defender o candidato "A" e Deus decida que quem deve ir para o poder é o candidato "B" todos os seus esforços terão sido, não apenas em vão, mas contrário ao que Deus havia determinado. Nem aquela foto sua que você colocou nas redes sociais com a bandeira de seu partido irá fazer diferença, mas só irá denunciar sua falta de conhecimento bíblico e da vontade de Deus.

Mas não espere que assumir uma posição bíblica fará de você alguém popular neste mundo. Ao contrário, independente de que partido alguém seja, vai sempre considerar um cristão apolítico como um alienado, um verdadeiro extraterreno. Mas eles terão razão de pensar assim, pois o próprio Senhor disse aos seus discípulos: "Se vós fósseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia." (Jo 15:19). E quando orou ao Pai antes de sua partida deixou claro que não orava pelo mundo, mas apenas por aqueles do mundo que o Pai havia separado e entregue a ele:

"Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus... Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo." (Jo 17:9, 13-18).

Já existiam partidos quando Jesus esteve aqui. Além daqueles pertencentes à política romana, entre os judeus, onde o sistema era supostamente teocrático, sabemos de ao menos três partidos, além dos essênios que pareciam ter um perfil mais monástico: Fariseus, Saduceus e Herodianos. E sabe de que lado os partidos ficaram quando tiveram de decidir a sorte de Jesus? Nem preciso dizer, você já sabe.

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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Esclarecimentos: O conteúdo deste blog traz respostas a perguntas de correspondentes, portanto as afirmações feitas aqui podem não se aplicar a outras pessoas e situações. Algumas respostas foram construídas a partir da reunião das dúvidas de mais de um correspondente. O objetivo é apenas mostrar o que a Bíblia diz a respeito das questões levantadas, e não sugerir qualquer ingerência de cristãos na política e na sociedade, no sentido de exigir que as pessoas sigam os preceitos bíblicos. O autor é favorável à livre expressão e, ainda que seu entendimento da Bíblia possa conflitar com a opinião de alguns, defende o respeito às pessoas de diferentes crenças e estilos de vida. Aqui são discutidas ideias e julgadas doutrinas, não pessoas. A opção "Comentários" foi desligada, não por causa das opiniões contrárias, mas de opiniões que pareciam favoráveis mas que tinham o objetivo ofender pessoas ou fazer propaganda de alguma igreja ou religião, induzindo os leitores ao erro.

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