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Esta passagem diz que Cristo devolverá todo poder ao Pai?



https://youtu.be/Tm6JID0vtbQ

Você perguntou se a passagem de 1 Coríntios 15:28 estaria dizendo que Cristo devolverá todo poder ao Pai. A passagem é esta: "E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.".

Se observar, o contexto está dizendo que Cristo devolverá o reino ao Pai; se estiver falando de poder é no sentido de autoridade, do controle de todas as coisas que lhe havia sido designado como a Cabeça da nova criação. Cristo, sendo Deus, nunca deixará de ser todo-poderoso, onisciente, onipresente etc. Quando ele assumiu a humanidade também não deixou de lado esses atributos e de vez em quando víamos um lampejo deles, como quando lia os pensamentos, sabia o que iria acontecer em seguida, ordenava os elementos e a matéria etc.

Quando Deus entregou a Adão a administração da Criação descrita a partir do versículo 2 de Gênesis 1, e Adão falhou, tudo ficou arruinado e mais uma vez sujeito ao pecado. Digo mais uma vez porque incontáveis eras antes da ruína que se abateu sobre os habitantes do Jardim do Éden na atual criação o pecado já havia pervertido os céus e a terra em uma ruína que transtornou o Universo. O fato de existir no Éden uma serpente satânica demonstra que o pecado original não seria o de Adão e Eva, mas do diabo e seus anjos muito tempo antes.

Os incontáveis fósseis estão aí para provar que pecado e morte não fizeram sua estréia no Jardim do Éden, mas muito antes. Quando Paulo diz em Romanos 5:9 que "como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram." ele está se referindo à humanidade criada a partir de Adão e a uma esfera bem específica, que é a daquela criação, e não do que possa ter existido antes. 

Depois de no princípio Deus ter criado os céus e a terra em Gênesis 1:1 — e pode ter certeza de que essa criação foi perfeita pois Deus não criou as trevas e muito menos o caos — vemos no versículo 2 que "E a terra era [estava] sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.".

A tradução correta para o verbo do versículo 2 é estava, e não era, como aparece na maioria das Bíblias. A versão Reyna Valera em espanhol diz "Y la tierra estaba desordenada y vacía" como é também a versão católica da CNBB que diz "A terra estava deserta e vazia", ou seja, não era essa sua condição original, mas a que ficou como decorrência da convulsão gerada pela queda de Satanás e seus anjos em tempos imemoriais.

Isaías deixou claro que a Criação original não era sem forma, ou devastada, como seria uma tradução mais apropriada para o termo, e nem vazia ou caótica. O profeta escreveu: "Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o Senhor e não há outro." (Is 45:18). 

 F. W. Grant comenta em "The Notes from the Numerical Bible":

Sete palavras descrevem a criação original do primeiro versículo. No segundo, a terra, enfatizada em contraste com os céus, é sem forma e vazia. A escuridão está na "face do abismo" — não em todos os lugares — e a luz do primeiro dia não é criada naquele, mas trazida à existência lá onde não estava naquele momento. O "abismo" também não é um verdadeiro caos (nem a terra é isso), mas tudo são "águas", sob as quais a terra está sepultada e que são removidas no terceiro dia, para que a terra seca apareça. Tudo isso mostra um estado de coisas bastante de acordo com a ideia de alguma conturbação cataclísmica sucedendo as eras geológicas cujos restos estão sepultados nos estratos e imediatamente precedendo a introdução do homem e dos animais que vieram com ele. — F. W. Grant

A vinda de Jesus, o Filho eterno de Deus, em carne foi, primeiramente, para tirar o pecado do mundo e resolver de vez a questão que trouxe desonra a Deus. A obra de Cristo não apenas serviria para resolver a questão da morte da atual criação, mas de todo sempre. A salvação de pecadores, resultante de Jesus ter levado "em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro" quando "se manifestou para tirar os nossos pecados" (1 Pe 2:24; 1 Jo 3:5) seria um subproduto dessa ação de Cristo "tirar o pecado" do mundo. Existe uma diferença entre o pecado, a raiz, que envolve tudo o que Deus criou, e os pecados, os frutos, que só diz respeito aos redimidos.

João Batista, mesmo sendo primo de Jesus, disse que não o conhecia quando ele foi manifestado após seu batismo nas águas do Jordão. É evidente que, apesar de serem primos, e sua mãe Maria ter um relacionamento tão amistoso com sua mãe Isabel, João e Jesus devem ter brincado juntos desde meninos e crescido juntos. Mas até ali João não fazia ideia de que estava diante do Filho de Deus vindo em carne. Esse conhecimento de quem seu primo na carne realmente era aconteceu no batismo de Jesus, mas mesmo assim não podemos saber o quanto de conhecimento tinha João, que mais tarde, em um momento de fraqueza na prisão, pediu aos seus discípulos que fossem conferir se Jesus era mesmo o que eles aguardavam..

"No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é aquele do qual eu disse: Após mim vem um homem que é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. E eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água. E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele. E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo. E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus. No dia seguinte João estava outra vez ali, e dois dos seus discípulos;  e, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus." (Jo 1:29-36).

"E João [na prisão], chamando dois dos seus discípulos, enviou-os a Jesus, dizendo: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro? E, quando aqueles homens chegaram junto dele, disseram: João o Batista enviou-nos a perguntar-te: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro? E, na mesma hora, curou muitos de enfermidades, e males, e espíritos maus, e deu vista a muitos cegos. Respondendo, então, Jesus, disse-lhes: Ide, e anunciai a João o que tendes visto e ouvido: que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o evangelho. E bem-aventurado é aquele que em mim se não escandalizar." (Lc 7:19-23).

Cristo é Deus e Homem. Com o fracasso de Adão ele veio ao mundo inaugurar uma nova criação foi incumbido de reinar sobre ela por um tempo determinado. Mas quando terminar o tempo e o atual Universo desaparecer para dar lugar a novos céus e nova terra as coisas, desta realidade deixarão de existir. A Bíblia não fala muito de como será porque não há como entender eternidade onde não há tempo, considerando que fomos criados para viver no tempo com uma mente limitada a pensar em quatro dimensões: largura, comprimento, profundidade e duração ou tempo.

Mas voltando à sua dúvida, quando se cumprir tudo que falta ser cumprido, Cristo entregará o reino ou controle de todas as coisas ao Pai e permanecerá eternamente em uma posição de sujeição. Como poderia ser isto sendo ele Deus? Pelo fato de ser Deus e Homem, e ao assumir a humanidade ele também acabou assumindo uma das características do humano, que é a de sujeição. Se Cristo deixasse de estar em sujeição não haveria mais nada que o identificaria conosco e seria como se fosse passada uma borracha em tudo o que ele é em nós e para nós, e nós nele. Veja a passagem que fala deste assunto e os comentários de outros autores:

"Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos."  (1 Co 15:21-28).

Cristo irá, a seu tempo, entregar seu reino (no final do milênio) após todos os seus inimigos terem sido colocados sob os seus pés — inclusive a morte — para que Deus, (como Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo em Um só), seja tudo em todos. Os versículos 20 ao 28 formam um parênteses. Isto nos ajuda a entender os próximos dois versículos. — N. Berry

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Mesmo depois de todas as coisas terem sido submetidas ao Filho, ele mesmo continuará sujeito a Deus para sempre. Deus fez de Cristo governante, administrador de todos os seus planos e conselhos. Toda autoridade e poder são postos em suas mãos. Chegará um tempo em que Ele prestará seu relato da administração confiada a ele. Depois que  tiver colocado tudo em sujeição, ele entregará o reino de volta ao Pai. A criação será trazida de volta a Deus em perfeitas condições. Tendo realizado o trabalho de redenção e restauração pelo qual ele se tornou Homem, Cristo conservará o lugar subordinado que ocupou na encarnação. Se ele deixasse de ser homem depois de ter cumprido tudo o que Deus propôs e designou, o próprio vínculo que une Deus e o homem desapareceria. [autor desconhecido]

***

Quando esse ponto for alcançado, toda a obra da redenção e a nova criação terão atingido sua finalidade, e o Filho entregará o reino ao Pai. Ao tornar-se homem, o Filho ocupou o lugar de sujeição, e esse lugar ele guarda por toda a eternidade: uma prova clara de que ele assumiu a humanidade para sempre. A sujeição, lembre-se, não implica necessariamente inferioridade. O Filho não era nem um pouco inferior ao Pai quando aqui na terra, nem o será na eternidade. No estado eterno, Deus deve ser tudo e em todos; mas é claro que o Espírito é Deus, e o Filho é Deus, igualmente com o Pai. O Filho, no entanto, mantém seu lugar na humanidade, a Cabeça e o Sustentador do novo universo da criação, que existe como fruto de sua obra; isso garante que nunca será invadido pelo mal, mas permanecerá em seu esplendor original para sempre. — F. B. Hole

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Então, quando todo mal tiver sido tratado, Cristo entregará o reino a Deus Pai. Toda a passagem vê o Filho como tendo se tornado Homem, a fim de realizar a vontade de Deus ao submeter toda a criação a Deus. Para alcançar esse grande fim, Deus entregou ao Filho, como Homem, poder universal. Tendo, por seu poderoso poder soberano, submetido tudo a Deus Pai, ele ainda permanece como o Homem sujeito como quando esteve nesta terra, para que Deus seja tudo em todos. O Filho não deixará de ser Deus e um com o Pai, como estava na terra, mas “Cristo tomará o Seu lugar, como Homem, o Cabeça de toda a família redimida, sendo ao mesmo tempo Deus abençoado para sempre, um com o Pai” (J. N  Darby). Não diz para que o Pai seja tudo em todos, mas para que Deus — o Pai, o Filho e o Espírito Santo — seja tudo em todos. Que mundo abençoado será quando, nos novos céus e na nova terra, Deus será o Objeto de todos, e moralmente estabelecido em todos, pois não é esse o significado dessas palavras, tão simples em sua linguagem, mas tão profunda em seu significado? — H. Smith

"O profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." (Rm 11:33-36).

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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