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Por que voce nao atua no campo missionario?



https://youtu.be/2hvZyuR6f_c

Você escreveu: "Fiquei decepcionado quanto à sua ação empresarial, mas quero dizer-lhe que a mesma Bíblia que você tão brilhantemente defende também diz que "a quem muito lhe for dado, muito lhe será cobrado". Portanto Deus requer a sua atuação no campo missionário com o intuito de ganhar almas para Cristo. Pense bem a respeito."

Fiquei realmente intrigado com seu comentário. Você tinha escrito antes perguntando onde seriam as minhas palestras, pois queria participar de uma, e eu respondi informando que minhas palestras são em empresas, para funcionários, e tratando de temas exclusivamente empresariais, já que não costumo falar da Bíblia quando um cliente me contrata. Meu tempo de serviço numa empresa quem está pagando é o cliente, portanto devo me manter dentro do escopo para o qual ele me contratou. Esta é minha profissão e "ganha-pão". Meu trabalho no evangelho é outro departamento, e feito nas horas vagas.

Talvez você esteja muito habituado ao mundo eclesiástico, que divide as pessoas entre clérigos e leigos. Pessoas assim não conseguem conceber que um cristão tenha uma atividade secular, profissional, comercial ou empresarial, e em outros momentos também dedique-se a pregar o Evangelho. Acham perfeitamente normal pessoas com títulos pomposos como "Reverendo", "Pastor", "Missionário", "Bispo", "Apóstolo" etc. saírem por aí pedindo malas de dinheiro para falar da Bíblia, mas estranham quem tenha uma profissão secular para se sustentar, e se aventure a falar de Cristo às pessoas sem possuir um título eclesiástico ou formação teológica.

Será que você nunca leu que o apóstolo Paulo era um micro empresário do segmento do que chamaríamos hoje de camping? Sim, ele em sociedade com Priscila e Áquila possuíam uma pequena indústria de tendas e barracas, que deviam vender em seus contatos com clientes. Em outros momentos atuavam na obra do Senhor. Qualquer um pode atuar na obra do Evangelho e ao mesmo tempo manter uma profissão na área de comércio, indústria ou serviços.

Com mais de dois mil vídeos, áudios e textos, além de mais de uma dúzia de livros de evangelismo e ministério cristão, acho que posso até considerar isso como algum grau do que você chamou de "ocupação no campo missionário". Mas é claro que não digo isso para me gloriar, pois sempre insisto que aqueles que os que fazem o melhor trabalho e que serão melhor galardoados pelo Senhor são pessoas anônimas, que vivem em oração pelos que saem em campo, seja esse campo tangível ou intangível como é o mundo virtual.

Você me fez lembrar de um episódio que aconteceu há alguns anos. Eu terminava de dar um treinamento de dois dias em um hotel de São Paulo para um grupo de vendedores de uma indústria de máquinas. Enquanto fechava meu notebook,  percebi que a sala já tinha se esvaziado, exceto por um homem de quem o presidente da companhia havia se queixado para mim na hora do almoço.

Segundo ele, o sujeito era "pastor" e tinha um círculo de "discípulos" dentro da empresa. Se fosse só isso estaria bem, mas o problema era que esse tal "pastor" incentivava seus seguidores a protestar contra o patrão e a não se sujeitarem a todas as ordens que recebiam. Quando o presidente da empresa me disse isso em conversa particular, sugeri que desse cartão vermelho para o indivíduo e o demitisse. Pessoas assim são um estorvo, não só na empresa, mas também no testemunho cristão.

Mas, voltando para o que eu dizia, enquanto recolhia minhas coisas na sala vazia e prestes a sair, o tal "pastor" veio até mim e declarou com voz solene e em tom de reprimenda: "O Espírito Santo me enviou a falar a você e dizer que em dois dias de treinamento você não falou nenhuma vez do Evangelho". Em seguida me repreendeu com aquela suposta autoridade que dizia ter recebido do próprio Deus.

Imediatamente respondi: "Nem me venha com essa conversa fiada de que o Espírito Santo falou com você, pois comigo isso não cola. Isso é manobra de pastor pentecostal para impedir que a pessoa conteste o que ele vai dizer. Afinal, se foi o Espírito Santo de Deus quem disse, como é que alguém poderia se recusar a ouvir?".

Depois expliquei rapidamente aquilo que já disse no princípio, de que quando sou contratado por um cliente o tempo está sendo pago por ele e não posso fazer desse temo o que bem entender. Eventualmente tenho oportunidade de conversar com alguém sobre a Palavra nos intervalos de café e almoço, mas de forma reservada, e você não acredita quantos irmãos em Cristo já vieram conversar comigo depois de uma palestra para dizer que seguem "O Evangelho em 3 Minutos" e "O que respondi".

O lado negativo de minha atuação evangelística na Internet é que tenho perdido serviços justamente por algum gerente achar que se me contratasse eu acabaria usando o evento para pregar, o que já expliquei que não faço. Uma vez uma secretária avisou que não iria fechar o contrário porque a gerente responsável achou que eu fosse um padre ou pastor. Em outro evento que fechei com duas palestras, um funcionário me confidenciou que o diretor mandou cancelar a contratação quando descobriu meus vídeos de evangelismo, mas como não dava mais tempo de procurar outro acabaram seguindo com o contrato.

Mas como quem gerencia meu trabalho secular e meu sustento é o Senhor eu nem me preocupo. Se uma empresa não me contrata por isso, outra me contrata exatamente por isso para palestras sobre "Ética" porque buscam alguém coerente neste sentido. Também é comum pessoas virem conversar comigo em restaurantes, hotéis, aeroportos e até na rua para dizer o mesmo. Outro dia uma senhora no supermercado ouviu minha voz, do outro lado da gôndola onde eu estava perguntando algo a um funcionário, e veio dizer que reconheceu minha voz e que em sua casa acompanham todos os dias os vídeos.

Mas nem todos os que se dizem cristãos entendem isso, de tão encharcados que estão de má doutrina e principalmente de uma visão do cristianismo herdada do catolicismo romano, que criou uma distinção clara entre os que chamam de clero e leigos. Além disso, muitos pastores que se dedicaram a um estudo formal de teologia olham para "leigos" pregando como um médico olha para um pajé ou curandeiro. Uma vez vi até um comentário de alguém sobre meus vídeos, e a pessoa dizia: "Como é que esse homem pode ser crente?! Ele nem aparece no vídeo com uma Bíblia na mão?!". 

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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Esclarecimentos: O conteúdo deste blog traz respostas a perguntas de correspondentes, portanto as afirmações feitas aqui podem não se aplicar a outras pessoas e situações. Algumas respostas foram construídas a partir da reunião das dúvidas de mais de um correspondente. O objetivo é apenas mostrar o que a Bíblia diz a respeito das questões levantadas, e não sugerir qualquer ingerência de cristãos na política e na sociedade, no sentido de exigir que as pessoas sigam os preceitos bíblicos. O autor é favorável à livre expressão e, ainda que seu entendimento da Bíblia possa conflitar com a opinião de alguns, defende o respeito às pessoas de diferentes crenças e estilos de vida. Aqui são discutidas ideias e julgadas doutrinas, não pessoas. A opção "Comentários" foi desligada, não por causa das opiniões contrárias, mas de opiniões que pareciam favoráveis mas que tinham o objetivo ofender pessoas ou fazer propaganda de alguma igreja ou religião, induzindo os leitores ao erro.

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