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E' errado chorar quando ouvimos uma pregacao ou um louvor?



https://youtu.be/TFjt5z-wVxk

Sua dúvida é se teria algum problema se emocionar e chorar ao ouvir a Palavra ou um louvor. é preciso entender que a verdadeira adoração não é fundamentada nas emoções de nosso corpo carnal, mas no espírito, e é gerada por uma fé genuína na Pessoa de Cristo. É também uma adoração consciente, não algum transe ou êxtase incontrolável. Deixar-se dominar pelas emoções e perder o controle do próprio corpo não é algo do Espírito de Deus, mas da carne.

Por isso Paulo fala claramente de "culto racional", ou seja, feito dentro da racionalidade dos sentidos, e não com a perda deles.

"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Rm 12:1-2).

O Senhor Jesus também citou a Lei mosaica ao indicar que o amor que o Senhor demandava não era uma paixão louca e inconsequente, como as paixões carnais ou como a dedicação extremada dos pagãos que cercavam o povo de Israel. Deus queria um amor consciente, com o total controle da mente do adorador.

"Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento." (Mt 22:36-38).

Os profetas de Deus não caem desacordados perdendo os sentidos, como fazem os médiuns espíritas cujos corpos são dominados por demônios. Quem profetiza segundo a ordem divina, ou fala da parte de Deus, faz isso no total domínio de sua inteligência e sentidos. O espírito do homem continua sujeito ao próprio homem e não a alguma entidade exterior. Paulo escreveu: "E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas." (1 Co 14:32).

Mas isso não significa que a adoração deva ser fria e calculista, desprovida de qualquer emoção. Uma pessoa que não sinta e nem se emocione com estímulos internos ou externos provavelmente sofra de esquizofrenia ou seja maníaca depressiva, ou pior ainda, seja um psicopata. Este último não demonstra qualquer emoção ou sentimento, mesmo que esteja matando seu próximo.

As emoções podem encher nosso coração quando ouvimos uma pregação da Palavra de Deus, ou um hino, e lágrimas podem verter de nossos olhos em momentos assim. Mas certamente isso é muito diferente de perder os sentidos ou se deixar dominar pelo que prega ou pelo ritmo da música, como em alguns cultos neo-pentecostais que mais parecem shows de rock.

Jesus chorou diante do túmulo de Lázaro, não porque ele tinha morrido (embora os presentes pensassem ser esta a razão das lágrimas), mas de ver a ruína e desgraça causada pelo pecado. Quanto a Lázaro, Jesus sabia que iria ressuscitá-lo em cinco minutos, então não deve ter tido muito espaço para saudade naquele choro.

Às vezes pessoas me escrevem dizendo que creram em Jesus, porém não sentiram nada e querem saber se é normal. Bem, eu não conheço nenhuma passagem que diga "chore ao crer em Jesus e serás salvo". Uma conversão pode ter diferentes efeitos nos sentimentos, mas também pode-se questionar se não passou de mera assertiva intelectual. Refiro-me àquele tipo de declaração de fé mecânica, feita por alguém que não demostra qualquer sentimento de remorso e arrependimento por seus pecados, ou de alívio e gratidão por receber a certeza de sua salvação eterna e ao conhecer a Jesus.

Por isso é preciso muito cuidado com aquelas pregações do evangelho que terminam com um "Repita comigo: Eu (eu), creio (creio), em Jesus (em Jesus) como meu Salvador (como meu Salvador)". A conversão não é tabuada que decoramos pela repetição ou imitação, mas é um profundo trabalho do Espírito Santo na alma. O resultado pode ou não ser um choro, um calafrio, um calor ou qualquer outra sensação corpórea, e isso vai depender de a pessoa ser mais ou menos suscetível a expressar suas emoções.

Portanto cuidado com os chamados "cultos" nas igrejas, que são planejados para arrancar lágrimas dos presentes usando jogos de luz, música e uma série de outros truques apelativos. Assim como existem comediantes que são mestres em arrancar risos de sua platéia dizendo coisas que não seriam engraçadas na boca de outras pessoas, existem pregadores que estudam formas de mexer com as emoções usando de mensagens hipnóticas, palavras ritmadas e até comandos e ordens que demandem obediência da plateia.

É o caso de ordens do tipo, "Digam amém!", ao que todos dizem amém. "Uma salva de palmas para Jesus", ao que todos batem palmas, até um ateu que esteja presente, para não querer parecer diferente. Outras maneiras que alguns usam são as perguntas construídas de modo a colocar dúvidas, do tipo, "Vocês acham que Deus iria deixar de recompensar a generosa oferta de vocês, acham?", ao que a plateia é induzida a dizer "Nãããoooo!". "Então podemos confiar que ele vai abençoar com cem vezes mais o que você está ofertando?" "Siiiimmm!". Ao serem induzidas em suas respostas não percebem que estão comendo na mão do pregador e muitas vezes caindo em armadilhas doutrinárias.

Alguém que ordene a audiência a bater palmas, dizer amém, concordar com que ele diz, abraçar a pessoa ao lado, levantar a mão e outras ações vai pouco a pouco domando e dominando as pessoas. No final elas estarão prontas para concordar com sua mensagem e também a abrirem suas carteiras, como é o caso das igrejas dos estelionatários profissionais. "Vocês acham que Deus não iria dar a você o dobro da oferta que você vai colocar agora aos pés do altar?!". "Vocês acham que Deus seria tão miserável ao ponto de se recusar a abrir as comportas do céu se você der a ele mil reais?".

O cristão tem um corpo de carne, ossos e sangue, portanto sujeito a emoções, mas não é nas emoções que devemos fundamentar nossa fé, mas na Pessoa de Cristo. E em tempos de tanta apostasia e lobos em pele de cordeiro confortavelmente assentados nos púlpitos da cristandade, e também em suas mansões e aviões, é preciso andar sempre com a admoestação do Senhor ecoando em nossos ouvidos: "Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas." (Mt 10:16).

Por isso tome muito cuidado com pregadores que são "animadores de plateia", uma função muito comum em programas de auditório na TV, onde sempre existe alguém segurando cartazes com dizeres "APLAUSO", "GARGALHADAS", "GRITOS" etc. Ou você pensou que aquelas risadas eram espontâneas e genuínas quando o apresentador disse algo que não tinha a menor graça?

Mas certamente existe a emoção genuína e produzida pelo Espírito Santo em nossos corações. Já vi irmãos chorarem genuinamente, tanto quando ouviram, quanto quando pregavam a Palavra de Deus. Eu mesmo fico com a voz embargada em algumas pregações, quando aquilo que estou dizendo cala fundo em meu coração. Mas volto a dizer que são situações espontâneas e não ensaiadas. Quer um exemplo de uma que permanece para sempre em minha memória?

Aconteceu numa pregação do evangelho no interior de Goiás. O pregador, o mesmo de quem eu tinha escutado o evangelho algum tempo antes, conheceu uma jovem universitária do Paraná que participava do Projeto Rondon e seu apelido era Duda. Conheceu também, em um momento diferente, um homem que estava trabalhando no meu sítio e se chamava Elisiário, um nome não muito comum. Naquele dia convidei algumas pessoas para a pregação da noite, inclusive a Duda e o Elisiário, que não se conheciam.

Depois de pregar o evangelho da graça e falar do amor de Deus em salvar o pecador, como às vezes costuma acontecer, o pregador fez um apelo, mas usou os dois únicos nomes de pessoas que ele viu naquele pequeno salão: "O Senhor quer salvar você, Duda, e quer salvar você, Elisiário, para um dia vocês estarem com ele no céu".

De repente o rosto de Duda ficou branco como cera e ela parecia estar chocada. Então caiu em prantos e fomos conversar com ela para saber se estava bem. Ela explicou que, quando tinha três ou quatro anos seu pai morreu num acidente de caminhão, e ela não se lembrava de como ele era. Mas sua mãe sempre a consolava dizendo que um dia ela iria se encontrar com seu pai no céu. A maravilha é que seu pai se chamava Elisiário.

Aquilo não tinha sido coincidência, mas o Espírito Santo de Deus estava ali tocando o coração de Duda. Ali ela confessou a Jesus como seu Senhor e Salvador, e embora nunca mais a tenha encontrado, sei que um dia a verei no céu.

por Mario Persona


Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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